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domingo, 5 de março de 2017

Terra Morenense

Por James Davidson

Nas muitas andanças pelo município do Moreno, fiz varias fotos de paisagens e locais importantes da história morenense. Por isso publico aqui uma amostra das principais imagens e seus respectivos locais.

Morro da Pedra Pelada - Engenho Buscaú

Casa do agente da estação Tapera - Bonança

Engenho Cumarú

Casa de Farinha - Engenho Carnijó

Rio Jaboatão - bairro N.S de Fátima

Matriz da Conceição

Casa-grande do Engenho Gurjáu de Cima

Paço Municipal

Engenho Novo da Conceição

Cambiteiro - Córrego dos caboclos

Engenho Una

Engenho Pocinho

Engenho Jussara

Fábrica do Engenho Jussara

Cachoeira Engenho Seva

Ruínas do antigo Povoado de Buscaú

Por do sol em Moreno

Engenho Caraúna

Bueiro do antigo Engenho Bom Dia

Rio Jaboatão

Engenho Catende

Cachoeira Engenho Brejo

Vista da Cidade do Moreno

Vale do Arariba - povoado de Massaranduba

Rio Jaboatão - bairro de N.S da Conceição

Morro Buscaú - torres da Embratel

Vila Operária

Engenho Pintos

Engenho Jaboatão

Engenho Pereiras

Engenho São Braz

Fábrica do Engenho Xixaim

Engenho Floresta

Roda do Engenho Seva

Capela de São Braz

Engenho Javunda
Vale no Engenho Contra-açude

Ruínas da casa-grande do Engenho Contra-açude





segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Paisagens de Moreno

Por James Davidson

Como produto de minhas andanças e pesquisas pelas terras do município do Moreno, editei o seguinte vídeo intitulado "Paisagens de Moreno". Segue o vídeo:


sábado, 1 de fevereiro de 2014

O Ponto mais alto do município do Moreno

Por James Davidson

Morro da Pedra Pelada

O relevo do município do Moreno é, de uma forma geral, bastante movimentado. Desenvolvido sobre rochas cristalinas, o território morenense é todo constituídos por outeiros, colinas e morros, com altitudes que variam entre 50 até quase 400 metros. Dentre estes, algumas elevações ganham destaque na paisagem, inclusive na cidade, onde alguns altos alcançam mais de 100 metros, podendo deles inclusive avistar as cidades vizinhas. No caso da Serra da Mata da Onça, por exemplo, é possível avistar até o Oceano Atlântico.

Vista da Pedra Pelada

Mas a definição de qual dos morros do município era o mais alto parecia constituir uma grande enigma. Em seu Guia Histórico, Cultural e Informativo do Moreno, o jornalista João Carneiro da Cunha afirma que "o ponto culminante é a Serra onde foi implantada a Torre da Embratel, no Povoado de Buscaú". Referia-se ao morro situado no Engenho Buscaú que ainda hoje mantém as torres da Embratel. Porém outras fontes afirmam que a Pedra Pelada ou Selada, também em Buscaú, era o ponto mais alto, enquanto alguns afirmam que é a Pedra Corre-Moleque no Engenho Seva.

Morro da Mata da Onça em Moreno

Morro das Torres de Buscaú

Com base numa carta topográfica na escala de 1: 25.000 cm obtida na Sudene, foi possível verificar as seguintes altitudes para os referidos morros: 370 metros para o Morro das Torres de Buscaú; 386 metros para a Pedra Corre-Moleque; 371 metros para a Pedra Pelada; e ainda entraria na disputa a chamada "Chã dos Coqueiros, no Engenho Bela Vista, com 378 metros. Assim, segundo a carta, teríamos a Pedra Corre Moleque como o ponto mais alto, Chã dos Coqueiros em segundo, Pedra Pelada em terceiro e o Morro das Torres amargaria apenas a quarta colocação.

Pedra Corre-Moleque - Engenho Seva

Porém, quem visita a região percebe que aparentemente não é bem assim. O problema é que a diferença de altitude entre essas elevações é de apenas poucos metros e a maioria dos valores disponíveis na carta são apenas aproximações, não constituindo medições exatas. Assim, a margem de erro nesse caso é significativa. O ideal seria visitar todos esses pontos com mais de um altímetro e GPS para poder determinar qual o mais alto. As dificuldades de acesso aos locais e aos equipamentos, porém, dificultam por enquanto esta avaliação.

Ponto mais alto da Pedra Pelada

Estivemos porém, naquele que pode ser o ponto mais alto do município do Moreno. A Pedra Pelada ou Pedra Selada, como também é conhecida, claramente se apresenta mais alta que as demais elevações citadas quando observada de diversos pontos do município (Exceto o Morro das Torres). E a visita ao local, in loco, só fez confirmar essa suposição, pois mesmo a Pedra Corre-Moleque aparenta estar em nível mais baixo, assim como as demais elevações citadas. A altitude medida com um GPS foi calculada em 384 metros. Resta visitar o morro das "Torres de Buscaú" e medir sua altitude para confirmar qual de fato é o mais alto.

Vista da Pedra Pelada

A paisagem no local apresenta-se fascinante. Constituída por dois morros contíguos, a visão da Pedra Pelada é de admirar a qualquer visitante. O primeiro faz jus ao nome de Pedra Pelada, pois constitui uma grande rocha cristalina desnuda, donde é possível avistar grande parte do município do Moreno e terras de municípios vizinhos tais como Recife, Jaboatão, São Lourenço da Mata, Vitória de Santo Antão, Cabo de Santo Agostinho, Escada e Ipojuca, inclusive o Porto de Suape. O segundo morro, mais elevado, é coberto de Mata Atlântica, destacando-se uma única árvore sobressaindo-se das demais. Por conta da densa vegetação, dele nada é possível avistar da paisagem ao redor.

Vista da Pedra Pelada

Vista da Pedra Pelada

A riqueza da flora da Pedra Pelada é outro ponto de destaque. A Mata Atlântica ainda resiste em alguns pontos, principalmente no cume principal, mas está ameaçada pelos avanços dos canaviais. Sobre a rocha, prevalecem as bromélias, arbustos, cactáceas e outras espécies nativas da região. Há também o cultivo de eucaliptos no entorno.

Pedra Pelada com vegetação nativa

A Pedra Pelada é mais um recanto pitoresco do município que os morenenses precisam conhecer!

Espécie de bromélia nativa

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Ferrovias de Usinas em Jaboatão e Moreno

Por James Davidson

Maria Catita

Os municípios do Jaboatão dos Guararapes e do Moreno já possuíram, cada um, mais de 40 engenhos de cana-de-açúcar, cada um com sua fábrica e produção própria. Porém, no final do século XIX, iniciou-se um processo de modernização da produção açucareira, através da criação das usinas e dos engenhos centrais. A usina consistia num processo de produção mais moderno, em escala industrial, que demandava uma quantidade de matéria-prima muito maior que o simples engenho. Assim, os engenhos que não se transformaram em usina, acabaram virando apenas fornecedores de cana, ficando de "fogo morto". Este processo de transformação da produção açucareira não foi uniforme em todas as regiões, mas até a metade do século XX, todos os engenhos do Vale do Jaboatão já estavam na dependência direta ou indireta de alguma usina.

Ruínas da Usina Jaboatão

Para atender a demanda por mais matéria-prima, ou seja, por mais cana-de-açúcar, a usinas adotaram, inicialmente, o transporte ferroviário como alternativa mais viável e econômica. Assim, ainda no final do século XIX, iniciou-se a construção de ferrovias ligando as usinas aos vários engenhos que forneciam cana. As três usinas que se instalaram em Jaboatão tinham seus ramais ferroviários que as ligavam aos engenhos de sua área de influência, e que também se comunicavam com as ferrovias públicas estatais. Vejamos cada uma delas.

Município do Jaboatão - Enciclopédia dos Municípios/IBGE

A Usina Muribeca foi uma das primeiras usinas a ser criada no Estado de Pernambuco. Situada em terras do Engenho Recreio, funcionou até 1965, quando abriu falência. Suas terras foram loteadas e hoje formam diversos bairros da área de Muribeca. Pertenciam a esta usina os engenhos Guararapes, Recreio, Conceição e São Severino, além de arrendar safras de vários outros engenhos vizinhos. Possuía dois ramais ferroviários. O primeiro partia da Usina e seguia por 4 quilômetros em direção leste até o Engenho Guararapes, enquanto o segundo seguia em direção contrária, no rumo oeste, partindo da mesma usina e atravessando os engenhos Recreio, Conceição e São Severino, para depois se unir à ferrovia da Usina Jaboatão. Parece ter existido também, além destes, dois outros ramais ferroviários dos quais um seguia em direção sul, atravessando o Rio Jaboatão e passando pelo Engenho São Bartolomeu, seguindo até as pedreiras de Comportas. O outro seguia em direção oeste, pelo vale do Rio Muribeca, unindo os engenhos Muribequinha, Capelinha, Salgadinho e Camarço.

Município do Moreno - Enciclopédia dos Municípios/IBGE

A ferrovia da Usina Jaboatão era ligada com a Estrada de Ferro Central de Pernambuco, no ponto conhecido como "Estrela", em Jaboatão Centro, na antiga Praça dos Caçadores. Seguia daí pela rua Câmara Lima (Beco da Colônia) até a sede da Usina Jaboatão, onde se bifurcava em dois ramais. O primeiro descia pelo Riacho Suassuna até se encontrar com a ferrovia vinda da Usina Jaboatão. O segundo subia o mesmo riacho em direção aos Engenhos Palmeiras e Macujé. Antes, porém, formava um novo ramal, na altura da Colônia Salesiana, que seguia em direção ao sul e que veio a ser o principal tronco ferroviário da Usina Jaboatão. Este ramal ferroviário seguia até o Engenho Penanduba, onde tomava o rumo oeste, atravessando os engenhos Camarço e Secupema. Penetrava no município do Moreno em terras do Engenho Canzanza, seguindo daí em diante pelos engenhos Caraúna e Gameleira até chegar no Engenho Javunda, num percurso com mais de 16 quilômetros! Do Engenho Javunda saía ainda um pequeno ramal ao norte, até a metade do caminho para o Engenho Pereiras, e outro ao sul, que se comunicava com a ferrovia vinda da Usina Bom Jesus, no Engenho Cumarú.

Município de São Lourenço da Mata -  Enciclopédia dos Municípios/IBGE

Já o domínio canavieiro da Usina Bulhões eram mais para o norte, penetrando no território de São Lourenço da Mata e chegando até o Povoado de Matriz da Luz. Seu início era na Estrada de Ferro Central, diante da Usina, em Jaboatão Centro, seguindo em direção norte pelo vale do Rio Duas Unas até a sede do Engenho Camassary, onde tomava o rumo oeste pelo vale do mesmo rio. No encontro dos rios Duas Unas e Pixaó, a ferrovia da usina Bulhões se bifurcava. O primeiro ramal continuava pelo Vale do Rio Duas Unas passando pelos engenhos Pocinho e Una, onde aparentemente terminava neste último (talvez prosseguisse até o Engenho Pacoval). O segundo ramal seguia pelo Vale do Rio Pixaó, em direção noroeste, até o Engenho do Mato, onde novamente se bifurcava em dois sub-ramais. O primeiro seguia ao norte pelo Engenho Curupaity e terminava no Povoado de Matriz da Luz. Já o segundo, prosseguia pelo Vale do Rio Pixaó até o engenho homônimo, onde tomava o rumo oeste, seguindo até a nascente do rio. Atravessava o divisor de águas entre o Pixaó e o Várzea do Una, e seguia por mais sete quilômetros atravessando os engenhos Covas, Araújo, Poço Dantas e Várzea do Una, onde terminava. Em sua maior extensão, a ferrovia da Usina Bulhões alcançava até cerca de 20 km.

Usina Bulhões - Hoje Falida

Penetrava ainda no município do Moreno a ferrovia vinda da Usina Bom Jesus, sediada no município do Cabo. Subindo o Vale do Rio Gurjaú, atravessava os engenhos São Braz, Monte, Jacobina e Coimbras, sempre na margem do Rio Gurjaú que pertence ao município do Cabo, para daí ir aos Engenhos Gurjaú de Baixo e de Cima, já em território morenense. Neste último engenho, a ferrovia se bifurcava, indo um ramal para o Engenho Cumarú, onde se encontrava com o ramal vindo da Usina Jaboatão. O outro ramal seguia em direção ao Engenho Novo da Conceição, vindo a terminar em Cajabussu. No Engenho Novo saía ainda um pequeno ramal por um riacho, até a localidade conhecida como "Os quadros".

Vista aérea da Usina Jaboatão

Como é possível perceber, estas ferrovias ligavam quase todos os engenhos e era possível percorrer grandes distâncias de um município a outro. Facilitava não só o transporte da cana, mas também dos moradores dos engenhos que se beneficiavam das ferrovias para ir ao trabalho e para a cidade. Muitos utilizavam "trollers" para se locomover, o que às vezes causavam acidentes. Todo o vale dos rios Duas Unas, Gurjaú e Muribeca estavam conectados e podía-se ir de Muribeca a Matriz da Luz sem grande problemas. Hoje, porém, nenhuma dessas linhas mais existem e os trilhos foram todos arrancados e/ou roubados. É possível encontrar, às vezes, um ou outro trecho e alguns trilhos constituem colunas de algumas casas de moradores e há ainda uma pequena locomotiva parada na Usina Bulhões. Mas o que levou ao desaparecimento dessas ferroviais?

Ruínas da Usina Muribeca

O mesmo processo que se verificou com as ferrovias públicas parece ter ocorrido com as ferrovias privadas das usinas: o favorecimento do transporte rodoviário em detrimento do ferroviário, a partir das décadas de 60 e 70. Algumas ferrovias foram destruídas logo após o fechamento da usina, como foi o caso da Usina Muribeca, mas nos demais casos, mesmo com o prosseguimento das atividades, os trilhos foram arrancados em meados da década de 80, simplesmente porque os caminhões passaram a ser preferência para o transporte da cana. Com isso, o que seria no futuro uma grande oportunidade de transporte alternativo de passageiros simplesmente desapareceu!

Locomotiva na Usina Bulhões