Por James Davidson
O distrito de Bonança está localizado no setor noroeste do
município do Moreno, próximo aos limites com Vitória de Santo Antão e São
Lourenço da Mata. Constitui o 2° maior aglomerado urbano do município do
Moreno, atrás somente da sede. É atravessado pela BR 232 que atravessa o Centro
da localidade de leste a oeste. Possui uma população estimada em mais de 10 mil
habitantes.
A povoação se desenvolveu em terras do antigo Engenho
Tapera. Daí ser a localidade conhecida anteriormente como “Tapera”. A palavra
Tapera é de origem indígena e significa “lugar em ruínas, aldeia abandonada” (Galvão,
2006). Daí o interesse da população em mudar o nome do local para Bonança,
ato oficializado pela Lei n° 248 de 1990, quando também passou a constituir
distrito de Moreno.
A localização estratégica de Bonança foi com certeza o
principal fator para seu crescimento. Situada a meio caminho entre Jaboatão e
Vitória, no caminho que ligava o Recife à Vitória de Santo Antão, pela antiga
Estrada da Vitória, Bonança ficava no cruzamento com o caminho que ligava o
Vale do Jaboatão, ao sul, com o Vale do Tapacurá, ao norte. Essa área era desde
o período colonial favorável a uma povoação.
Assim, em 1863 Manuel Honorato já se referia à localidade
como “um lugar denominado Cruz das Almas, entre os engenhos Tapera e
Queimadas...” (Honorato, 1976), expressão que é repetida em 1910 por
Sebastião Galvão em seu Dicionário de Pernambuco. Todavia, a localidade só veio
a se desenvolver a partir da construção da Estrada de Ferro Central de
Pernambuco. Com a inauguração da Estação Tapera, em 10 de novembro de 1886, o
acesso à capital e ao interior ficou facilitado, estimulando a chegada de maior
número de pessoas na localidade. Surgia assim a povoação de Tapera, sendo
pertencente ao município do Jaboatão, até o ano de 1928.
Em 1916, o povoado de Tapera constituía um dos povoados
integrantes do município do Jaboatão. Em 1924 é citado no Almanak Laemmert como
pertencente ao distrito de Morenos, da seguinte maneira:
“Tapera – Pov., Sede de Districto policial, situado a 22
km a W. de Jaboatão, a 155 metros de altitude. Tem uma escola municipal. É
servida pela estação de igual nome da Great Western of Brasil Railwail co.,
inaugurada em 10 de novembro de 1885. Dista 39 km do Recife.”
(Laemmert, 1924)
Com a emancipação do município do Moreno, em 1928, passou o
povoado de Tapera a integrar o novo município. Como Buscaú, figurou como
distrito de Morenos até o ano de 1938, quando perde esse status por força do
decreto-lei n° 235 de 09 de dezembro de 1938. Desde a emancipação política de
Moreno que Tapera sempre demonstrou força política, elegendo sempre ao menos um
representante para a Câmara de Vereadores. O primeiro vereador da localidade
foi Adolpho Carlos Cox, proprietário do Engenho Tapera, eleito para o mandato
de 1928-1932 (Cunha, 1978).
Em 1977, Bonança possuía 442 edificações – 424 residenciais
e 18 comerciais. A partir da década de 1970, mesmo com o fechamento da Estação
Tapera, a localidade continuou a crescer. Assim, surgiram vários loteamentos a
partir de sítios e granjas existentes no bairro – Várzea da Cruz, Maria do
Carmo, Varginha, Constantino Maranhão, Engenho Tapera, José Feliciano Gomes,
Bonança I, Bonança II. A localidade também recebeu, em 02 de fevereiro de 1972,
a Cidade Evangélica dos Órfãos, fundada inicialmente pelo morenense Genaro de
França Barreto.
O Distrito possui 4 escolas municipais – Jornalista Edson
Regis, Gerson Carneiro, 05 de Julho e Wilson Bernardino. Duas escolas
estaduais: Maria do Céu Bandeira e Olívia Carneiro. O Posto de Sáude Maria
Cristina de Souza Leão e 1 Biblioteca Municipal – Severina Julieta de Holanda
Vasconcelos. Já o cemitério Público Municipal de Bonança fica localizado a 2 km
ao norte, junto à estrada que conduz à Represa de Tapacurá. Foi inaugurado pelo
prefeito Ney Maranhão, para substituir o antigo Cemitério do Engenho Queimadas,
utilizado pelos moradores de Tapera até então.
A Feira de Bonança ganha destaque como uma das mais
movimentadas e importantes da região. Para ela se dirigem os moradores e
comerciantes de Moreno, Vitória de Santo Antão e partes de São Lourenço da
Mata. Nelas são comercializados vários produtos agropecuários produzidos pelos
agricultores do entorno, tais como carnes, frutas, verduras, tubérculos, ervas,
ovos, aves, animais, etc. Além desses produtos são também comercializados
produtos diversos como vestimentas, miudezas, artesanatos, alimentos, etc.
A sede do distrito possui várias granjas, sítios e fazendas
distribuídos ao seu redor, onde são criados animais para corte e monta, como
também cultivados produtos agrícolas diversos. Destaque para os engenhos onde
se encontram assentamentos agrícolas do INCRA e Fetape, onde são produzidas
culturas agrícolas as mais variadas – engenhos Camarão, Bela Vista, Pintos,
Jaboatão, Jussara e Laranjeiras. A influência de Bonança é grande na área
rural, estendendo-se por todo o setor oeste do município do Moreno, leste de
Vitória de Santo Antão e indo até a margem sul da Represa de Tapacurá,
município de São Lourenço da Mata.
Com a duplicação da BR 232, em 2002, Bonança sofreu grandes
alterações urbanísticas por parte do Governo do Estado. A principal delas foi a
construção do viaduto da BR 232, que ocasionou a demolição de uma antiga praça
e de várias edificações que ficavam à margem da estrada. Por força da Lei n°
13.871 de 10 de setembro de 2009, o viaduto foi denominado de Professor Almir
Olímpio Alves.
Nos últimos anos, a localidade vem sofrendo um processo de
crescimento desordenado através de invasões – principalmente no Loteamento
Bonanças e em Cidade de Deus. No primeiro caso, por exemplo, a área de proteção
ambiental do Loteamento, situada na Serra do Camarão, foi invadida e desmatada.
Outro processo verificado recentemente na localidade é a verticalização, pois o
distrito de Bonança já começa a apresentar Prédios maiores de vários andares.
Em 2014, Bonança teve a inauguração de sua Igreja Matriz –
dedicada a Santa Terezinha, construída em substituição à antiga. Em 2015 houve
a inauguração da Academia das Cidades pelo governo estadual. O Distrito sofre
ainda com a falta de segurança e de áreas de lazer, bem como de outros
equipamentos sociais e educacionais. Uma UPA – Unidade de Pronto Atendimento –
seria bem conveniente no local, dada a sua localização estratégica.
Bonança é hoje uma importante localidade, ponto de passagem
pra quem demanda o interior vindo da capital. Dada a sua importância, foi
elevado a o status de Distrito do município do Moreno, pela lei n°248 de 13 de
dezembro de 1990. Possui desde então um centro administrativo municipal da
prefeitura, responsável pelas questões locais de Bonança. Existe também no
distrito um movimento que busca a emancipação política da localidade, para que
Bonança seja transformado em município separado de Moreno. A ideia tem o apoio
de algumas lideranças locais que buscam através disto sua projeção política.
Não se pode falar de Bonança sem citar alguns nomes
importantes: a poetiza Maria do Céu Bandeira, a professora Maria do Carmo
Arcoverde, o deputado Ney Maranhão, padeiro Gérson Carneiro e Genaro de França
Barreto, fundador da Cidade Evangélica dos órfãos.