Como produto de minhas andanças e pesquisas pelas terras do município do Moreno, editei o seguinte vídeo intitulado "Paisagens de Moreno". Segue o vídeo:
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segunda-feira, 17 de outubro de 2016
Paisagens de Moreno
Por James Davidson
Como produto de minhas andanças e pesquisas pelas terras do município do Moreno, editei o seguinte vídeo intitulado "Paisagens de Moreno". Segue o vídeo:
Como produto de minhas andanças e pesquisas pelas terras do município do Moreno, editei o seguinte vídeo intitulado "Paisagens de Moreno". Segue o vídeo:
quarta-feira, 28 de maio de 2014
O Engenho Catende
Por James Davidson
O Engenho Catende está localizado no Centro da Cidade do Moreno. Foi nas terras desse engenho que se desenvolveu a atual Cidade do Moreno, a partir da compra do engenho pela fábrica da Société Cotonnière Belge Bresilienne, na primeira década do século XX. Assim, apesar de se chamar "Moreno", foi nas terras do Engenho Catende que Moreno se desenvolveu, e não nas terras do Engenho Moreno.
O Engenho Catende está localizado no Centro da Cidade do Moreno. Foi nas terras desse engenho que se desenvolveu a atual Cidade do Moreno, a partir da compra do engenho pela fábrica da Société Cotonnière Belge Bresilienne, na primeira década do século XX. Assim, apesar de se chamar "Moreno", foi nas terras do Engenho Catende que Moreno se desenvolveu, e não nas terras do Engenho Moreno.
Mas a história do Engenho Catende é muito mais antiga que da cidade. Já em fins do século XVI e início do século XVII, encontramos referências ao Engenho "Nossa Senhora Conceição", situado no Vale do Rio Jaboatão. Consultando-se os mapas de Vingboons e de Marcgraf, elaborados no período holandês, percebe-se claramente que esse Engenho N.S. Conceição ficava localizado a oeste do Engenho Bulhões (São João Batista), subindo o Rio Jaboatão, à sua margem esquerda. Esse Engenho Conceição não era outro senão o atual Engenho Catende.
Durante o Domínio Holandês, o engenho pertencia a Antônio Pereira Barbosa que, com a invasão dos flamengos, fugiu para a Bahia abandonando sua propriedade. Assim, o Engenho Conceição foi confiscado e vendido aos holandês Servaes Carpentier. O engenho moía a água. Depois da invasão holandesa, o Engenho Catende teve outros proprietários até que, em meados do século XVIII, estava em posse de Domingos Bezerra Cavalcanti.
Diz a tradição oral que Domingos Bezerra Cavalcanti era o típico cruel e autoritário senhor de engenho. Segundos as lendas correntes, o mesmo enterrava vivo nas paredes de suas casas os escravos que lhe provocavam a ira. Assim, há quem acredite que o Casarão de Catende guarde em suas paredes esqueletos de escravos emparedados.
Domingos Cavalcanti era dono de vastas extensões de terras. Era dono de todos os engenhos situado entre Jaboatão e Tapera, inclusive os Engenhos Bulhões e Morenos. Construiu a Capela do Engenho Catende, em 1745, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, posteriormente mudada para a invocação de São Sebastião. Esta ficava localizada no alto da colina, bem acima da casa-grande, voltada para a direção nordeste. Foi destruída em 1973 para a construção da Escola Cardeal Dom Jaime Câmara.
O Casarão do Engenho Catende recebeu a visita do Imperador D. Pedro II e da Imperatriz Teresa Cristina, na volta de sua visita a Vitória de Santo Antão. Os monarcas almoçaram e descasaram no engenho, no dia 20 de dezembro de 1859. Nesta época o engenho pertencia a Antonio Pereira da Silva. Posteriormente, este vende a propriedade, em 1875, ao Barão de Morenos.
O Engenho Catende é adquirido, em 1907, pela companhia belga Société Cotonnière Belge Bresilienne por 108 contos. Embora a empresa instale a fábrica em outra parte da propriedade, os edifícios do antigo engenho permaneceram no local. Até uma fábrica de café chegou a existir onde era a fábrica de açúcar do engenho. A Casa-grande era popularmente conhecida como "Sobrado Velho do Tamboatá". A senzala ficava localizada numa rua atrás do casarão.
Durante a primeira administração do prefeito Edvard Bernardo, o casarão de Catende passou por uma reforma, pois o mesmo se encontrava abandonado e em estado precário de conservação. Porém, a reforma descaracterizou partes do edifício, como o piso do pavimento superior, gerando muitas críticas por parte da população. Hoje o edifício abriga a Guarda Municipal do Moreno e também sedia várias atividades festivas e culturais.
domingo, 29 de setembro de 2013
Casa-grande de Engenhos em Moreno
Por James Davidson
O termo casa-grande, como é conhecido hoje, refere-se à moradia do senhor de engenho. Junto com a capela, senzala e fábrica, constituía um dos edifícios base da estrutura de um engenho de cana-de-açúcar. Mas nem sempre as casas de engenho eram chamadas assim. Ao se consultar documentos antigos, percebe-se que eram mais comuns os termos "casa de vivenda", "casa de morada", "sobrado", entre outros. Parece que o termo casa-grande só foi consagrado mesmo após a publicação do livro clássico "Casa-grande e Senzala" de Gilberto Freyre, tornando-se a expressão conhecida e popularizada. Além disso, o termo casa-grande não era de uso restrito da zona canavieira, pois aparece também no agreste e no sertão, para denominar também a principal residência de uma fazenda.
Como demonstra Geraldo Gomes, autor de Engenho e Arquitetura, o mais profundo estudo sobre o tema em Pernambuco até hoje feito, nem sempre as casas-grandes eram grandes casas. Além de existirem grandes casas senhoriais, também existiam as modestas e simples casas-grandes, mostrando que nem todos os donos de engenhos eram ricos e poderosos como o senso comum nos faz crer. É importante destacar a grande variedade de tipos existentes e que nem sempre as casas que chegaram até hoje são as originais.
No caso do município do Moreno, muitos dos seus 44 engenhos ainda conservam sua casa-grande. Entre os engenhos que não as possuem mais, podem ser citados os engenhos Canzanza, Mato-grosso, Timbó, Serraria, Pacoval, Bom Dia, Quiaombo, Brejo, entre outros. Alguns conservam um edificação bastante descaracterizada com modificações significativas, como as casas dos engenhos Catende e Caraúna, e outras são relativamente recentes, como as dos engenhos Gurjaú de Baixo e Buscaú. Outras, porém, constituem belíssimos exemplares da Arquitetura de Engenho, como as casas dos engenhos Morenos, Pintos e Novo da Conceição. Vejamos algumas delas:
Casa-grande do Engenho Catende |
Casa-grande do Engenho Carnijó |
Casa-grande do Engenho Gurjaú de Cima |
Casa-grande de Gurjaú de Baixo |
Casa-grande do Engenho Buscaú |
Casa-grande do Engenho Floresta |
Casa-grande do Engenho Queimadas |
Casa-grande do Engenho Pintos |
Casa-grande do Engenho Pereiras |
Casa-grande do Engenho Jaboatão |
Casa-grande do Engenho Javunda |
Casa-grande do Engenho Jussara |
Casa-grande do Engenho Pocinho |
Casa-grande do Engenho Una |
Casa-grande do Engenho Morenos |
domingo, 30 de junho de 2013
Filme Engenhos e Usinas - Humberto Mauro
Por James Davidson
Pesquisando na Internet encontrei uma das obras primas do cineasta Humberto Mauro - o filme Engenhos e Usinas. Mineiro, Humberto foi um dos grandes cineastas do Brasil de meados do século XX e que nos legou muitas obras sobre a cultura popular brasileira que valem apena conhecer. Engenhos e Usinas é um filme que retrata a substituição dos engenhos primitivos, chamados de banguês, pelas usinas modernas. Este fato ocasionou o desaparecimento do engenhos tradicionais que ficaram de "fogo morto". Como a região do Vale do Jaboatão era tradicionalmente repleta de engenhos, o mesmo fenômeno aconteceu e hoje os engenhos só conservam os nomes, remetendo sua cana para as usinas. Assim, perdeu-se muito tanto em termos de cultura material, pois a maioria das fábrica e moendas foram destruídas, como imaterial, pois até mesmo as tradições como as festas da botada (início da moagem) e cantigas antigas foram sendo esquecidas. No município de Moreno, por exemplo, apesar da maioria dos antigos engenhos preservarem seus nomes, existem apenas uma roda d'água, que é a do Engenho Seva. Até pouco tempo atrás existia a Roda d'água do Engenho Jaboatão (Jaboatãozinho). Porém, foi levada para um ferro-velho e destruída por moradores locais. Sem falar na expulsão dos moradores do engenho por parte das usinas ou a completa destruição do engenho e seus edifícios (casa-grande, senzala, fábrica e capela). Assim, o patrimônio vai se perdendo pelos interesses individuais ou em nome do "progresso"!
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
Lançamento do Livro Memórias Destruídas
Por James Davidson
Em breve estarei divulgando mais informações sobre o evento!
Finalmente, depois de 3 anos de espera, ocorrerá o lançamento do meu livro Memórias Destruídas. O livro que fala sobre a história da destruição do Patrimônio de Jaboatão dos Guararapes, será lançado no dia 12 de Janeiro de 2013, na sede da Casa da Cultura de Jaboatão. Venho através desta postagem convidar a todos os leitores e amigos do Blog a participar da Festa de Lançamento. O evento contará com a exposição de banner sobre o Patrimônio de Jaboatão dos Guararapes, assim como a exibição de um Pequeno Curta Metragem sobre o assunto. Vejam abaixo uma prévia do vídeo:
terça-feira, 29 de maio de 2012
Capelas de Engenhos de Moreno
Por James Davidson
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Antiga Capela do Engenho Catende - destruída |
Os engenhos do município de Moreno ainda conservam muito de seus antigos edifícios. Se comparado com os engenhos de outros municípios como Jaboatão dos Guararapes, os engenhos de Moreno encontram-se mais preservados. Muitos ainda mantém suas casas-grandes, fábricas, senzalas e capelas. E entre os elementos que se destacam, entre aqueles que se preservam, estão as capelas de engenho.
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Foto do Engenho Gurjaú de Cima mostrando sua antiga Capela de São Miguel - hoje destruída |
As capelas era o centro da vida social do engenho. Local de encontro sociais nas festas religiosas, casamentos, batizados, etc. Sem falar das missas realizadas durante o início da moagem, durante a festa conhecida como "botada", quando então eram benzidas as moendas antes a moagem da primeira safra. Era a principal festividade que acontecia nos engenhos.
Capela do Engenho Pocinho |
Geralmente os engenhos mais importantes sempre possuíam capelas. Já os engenhos menores às vezes contavam apenas com simples oratórios, situados em algum cômodo interno da casa-grande. É o caso, por exemplo, da casa-grande do Engenho Pintos que ainda conta com um oratório interno. Algumas capelas de engenhos foram destruídas por falta de conservação de seus senhores, mas algumas resistem aos infortúnios do tempo e mantém-se em pé marcando a paisagem da zona rural. Os Engenhos que ainda conservam suas capelas no município são os seguintes: Pocinho, Morenos, São Braz, Una e Queimadas.
Capela do Engenho Una |
O Engenho Pocinho, situado próximo à Br 232, Estrada para Matriz da Luz, possui além da casa-grande, uma capela datada de 1840. Missas e retiros ainda são realizados no local. Próximo dali, o Engenho Una que também mantém sua capela de engenho, cuja data de construção é incerta. A capela do Engenho Pocinho é de invocação de São Vicente Férrer, enquanto a do Engenho Una sob invocação de N.S da Luz.
Capela do Engenho Morenos |
A capela do Engenho Moreno ou Morenos, sob a invocação de N.S Auxiliadora, fica situada no alto de uma colina, às margens do BR 232. Provavelmente deve ter sido construída e reconstruída desde o período colonial, mas conseguindo manter-se até hoje sob o zelo dos proprietários. Não é o caso da Capela de São Braz, também pertencente ao município de Moreno e que se encontra abandonada e em ruínas. O Engenho São Braz é um dos mais antigos engenhos do município e sua capela, construída em estilo barroco, é de meados do século XVIII.
Capela do Engenho São Braz |
Há ainda a Capela do Engenho Queimadas, situada em Bonança. Este engenho servia de limite entre o município de Moreno e Vitória de Santo Antão e conta com um antigo cemitério à direita de sua capela. A capela encontra-se em ruínas e sua invocação era N.S da Luz.
Capela do Engenho Queimadas |
Alguns engenhos tinham suas capelas há até bem pouco tempo atrás. É o caso do Engenho Gurjaú de Cima, com sua capela dedicada a São Miguel, que caiu na década de 1990 pelas intempéries ambientais. Já a Capela do Engenho Catende, datada de 1745, foi destruída para a construção da Escola Dom Jaime Câmara.
Ruínas da Capela de São Miguel - Engenho Gurjaú de Cima |
quarta-feira, 18 de abril de 2012
Matéria sobre o Engenho Pintos
Por James Davidson
Após a realização da audiência pública sobre a Barragem do Engenho Pereiras em Moreno, o Jc fez a seguinte matéria e vídeo abaixo:
Disponível em:http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/noticia/2012/03/20/parte-de-moreno-sera-inundada-para-evitar-cheias-futuras-36387.php
Após a realização da audiência pública sobre a Barragem do Engenho Pereiras em Moreno, o Jc fez a seguinte matéria e vídeo abaixo:
Parte de Moreno será inundada para evitar cheias futuras
Estrutura será construída no Rio Jaboatão e vai inundar entorno da casa-grande do Engenho Pintos. Compesa promete fim da falta d'água na área sul da RMR
Às
margens do Rio Jaboatão, em Moreno, a área no entorno da casa-grande do
Engenho Pintos, distante 16 quilômetros do Centro, será inundada com a
construção de uma barragem. O objetivo da estrutura é acabar
definitivamente com as cheias que costumam afetar o município e parte de
cidades vizinhas como Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife, e Vitória
de Santo Antão, Zona da Mata.
O
empreendimento terá como responsável a Compesa, que também promete
acabar com problemas de falta d'á-gua na região. Apesar de o projeto
prever apenas a inundação do Engenho Pintos, a nova barragem ganhará o
nome do Engenho Pereira, que fica ao lado do espaço destinado ao
reservatório.
Além
de destruir o que restou da estrutura do engenho secular, o
empreendimento atingirá terras de um assentamento rural que abriga 400
famílias. São pessoas que conquistaram o direito de viver por lá, há 15
anos, e outras que receberam moradias por herança. Para quem depende da
terra para tirar o sustento, a notícia da construção da barragem chegou
de repente e assustou.
"É como uma bomba que vai cair
nas nossas cabeças. A gente escuta falar nessa obra há muito tempo, mas
todo mundo acreditava que era boato. Víamos os pesquisadores entrarem
nas terras, mas ninguém nunca chegou para explicar o que ia acontecer no
engenho", afirma a agricultora Edna Maria da Silva, 44 anos, uma das
responsáveis pela Associação dos Parceleiros do Assentamento Herbert de
Souza.
O território do Engenho Pintos é dividido em 147
lotes, administrados por pequenos agricultores. Muitos começaram a
ocupar os terrenos com lonas. Atualmente, cada um tem seu espaço e todos
plantam nas áreas comuns. Nem todas as casas do assentamento vão ser
inundadas, mas quem vai ter que mudar de endereço teme o difícil
recomeço.
"Trabalhar a terra do zero, encontrar um lugar tão bom
para plantar, com um rio maravilhoso como o que temos aqui do lado de
casa vai ser muito difícil. Todo mundo aqui é apegado a essas terras,
ver acabar tudo é cruel", diz a agricultora Betânia Francisca da Silva,
37. A família de Cleide Josefa dos Santos, 46, foi criada no engenho e
não pensa em outro lugar para morar. "É o nosso paraíso. A gente planta
de tudo e é muito tranquilo", conta.
Caberá à Compesa recompensar
as famílias pela destruição de suas casas. "Cada morador vai ter o
direito de escolher se prefere ser indenizado ou reassentado. O valor da
indenização e os detalhes dessa negociação ainda serão acertados",
disse o diretor regional metropolitano da Compesa, Rômulo Aurélio de
Melo, durante audiência pública ocorrida na última quinta-feira no
Centro de Moreno.
Na ocasião, foi apresentado à
população o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) da barragem,
desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep). De
acordo com a coordenadora técnica da instituição, a geógrafa Edvânia
Torres Aguiar Gomes, uma das ações de redução de impacto ambiental que
deverá ser posta em prática pela Compesa é o replantio das espécies
encontradas na área a ser inundada.
Os animais
identificados no engenho deverão ser encaminhados para outros
territórios e os peixes tenderão a buscar outras áreas quando perceberem
a mudança no meio, que acontecerá gradualmente. O Rima da Barragem do
Engenho Pereira está disponível no site da Agência Estadual de Meio
Ambiente (CPRH). Ainda não há previsão de data para o início das obras.
sexta-feira, 2 de março de 2012
Capela do Engenho Catende
Por James Davidson
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A primitiva Capela do Engenho Catende |
Quem visita a atual Matriz de N.S da Conceição em Moreno muita vezes não imagina que aquele templo não foi o primeiro construído na cidade. Antes, próximo dali, onde atualmente se encontra a Escola Estadual Dom Jaime Câmara, existia no cimo do morro o que seria hoje um dos mais antigos edifícios do município - A Capela do Engenho Catende. Construída em 1745, foi edificada por ordem do Capitão-mor de ordenanças da Freguesia de Santo Amaro de Jaboatão - Domingos Bezerra Cavalcanti.
Sob a invocação de São Sebastião, a capela serviu de matriz até 1930, quando foi substituída pela atual Matriz da Conceição. Em 1973, porém, veio a destruição. Para realizar a construção da atual escola, e de acordo com o ex-prefeito João Carneiro da Cunha, com o apoio do engenheiro Airton Almeida Carvalho, diretor regional do IPHAN, demoliram a velha igreja. E assim, parte da história da cidade desapareceu junto com ela.
A antiga Capela do Engenho Catende é só um dos vários capítulos de destruição do patrimônio em Pernambuco. Muito poderia ser preservado se nosso país soubesse conciliar as necessidades do presente com os remanescentes do passado. Porém, parece que nós brasileiros não conhecemos nem valorizamos ainda o valor de nossa própria cultura.
domingo, 4 de dezembro de 2011
Engenho Pintos - um engenho que será submergido
Por James Davidson
O Engenho Pintos fica localizado no município de Moreno, pertencente ao Distrito de Bonança. Situado às margens do Rio Jaboatão, sua antiga sede ainda preserva alguns edifícios do antigo engenho como a casa-grande, arruado e ruínas de outros edifícios. Por conta da construção da Barragem do Rio Jaboatão no Engenho Pereiras, a sede do Engenho Pintos será inundada pelo lago da represa.
A história da localidade também é muito antiga. Até o período da dominação holandesa, a ocupação das terras do Vale do Rio Jaboatão tinha penetrado apenas até a altura do Engenho Morenos, o engenho mais ocidental da região até então. Com o fim do conflito contra os holandeses, novas sesmarias de terras passaram a ser doadas e a conquista e ocupação das terras mais interioranas da bacia do Rio Jaboatão seguiu em frente. O Engenho Pintos foi um dos primeiros engenhos a surgir com esse processo.
Fundado na segunda metade do século XVII, o Engenho Pintos pertencia a Gonçalo Carneiro da Costa. Em 1693 foi adquirido por João de Barros Rego. Em 1704 sua esposa, Dona Margarida Barreto instituiu um morgado que perdurou até 1843. Em 1858 pertencia a José Fernandes da Cruz.
Na primeira década deste século, o Engenho Pintos foi desapropriado pelo INCRA, que dividiu o terreno entre vários parceleiros e construiu uma nova escola na comunidade.A sede do engenho conta ainda com a casa-grande, com característica que remetem ao final do século XIX, de um só pavimento, com colunas e alpendre na fachada. Encontra-se abandonada desde a desapropriação e ainda possui resquícios de um altar doméstico que ficava em seu interior, já que o engenho não possuía capela. Existe ainda um arruado com edificações antigas, inclusive sobrado, que se encontra relativamente bem preservado.
Com a construção da Barragem no Rio Jaboatão, todo esse conjunto de edifícios históricos será submerso. Não defendemos aqui de forma alguma que a obra não seja feita, já que as necessidades de conter as enchentes e de abastecimento com certeza são importantes. Contudo, defendemos que um estudo arqueológico da região seja feito antes das obras iniciarem, ou mesmo que seja feito, se possível, um salvamento arqueológico do que vier a ser encontrado, à semelhança do que ocorreu com Xingó e Itaparica. Afinal de contas, a região nunca foi explorada nesse aspecto e toda obra grandiosa necessita desse prévio tipo de estudo.
sábado, 12 de novembro de 2011
Engenho Gurjaú de Baixo
Por James Davidson
O Engenho Gurjaú de Baixo, município de Moreno, fica localizado na margem esquerda do Rio Gurjaú, entre os engenhos Canzanza, Jacobina e Gurjaú de Cima. Fundado no século XVI, é um dos engenhos mais antigos do município. Sua sede é composta por casa-grande, fábrica, casa do administrador e várias casas e edifícios que formam uma pequena povoação.
O Engenho Gurjaú de Baixo já existia em 1581, de acordo com Pereira da Costa. O primeiro proprietário que se tem registro é Agostinho de Holanda, em 1591. Em 1614, pertencia a Antônio Nunes Ximenes que permaneceu na posse do engenho durante o período da invasão holandesa. Nesta época, a região do Vale do Gurjaú era um importante caminho de passagem entre o Cabo e a Freguesia de Jaboatão. Daí que muitos eventos da guerra contra os holandeses terem acontecido nessa região.
Movido pelas águas do Rio Gurjaú, o Engenho Gurjaú de Baixo tinha uma produção anual entre mil e duas mil arrobas de açúcar. Em 1674, o engenho passa a pertencer ao padre Antonio de Sousa Leão, proprietário do Gurjaú de Cima, e a partir daí o engenho passa por diversos proprietários dessa família, entre eles o tenente-coronel Domingos de Souza Leão.
O Engenho Gurjaú de Baixo ainda conserva muitos elementos do antigo engenho, fato cada vez mais raro diante da crescente e preocupante destruição de tantos engenhos. A antiga fábrica do engenho, situada na margem do rio, ainda é original e é utilizada como curral. A casa-grande, embora muito bela, imponente e antiga, não é a primitiva casa-grande do engenho, já que está datada em 1915. Mesmo assim, possui um alto valor paisagístico, situada no topo de uma colina de onde se avista todo o engenho. A casa do administrador, em dois pavimentos e fachadas rústicas, é muito provavelmente mais antiga que a casa-grande.
Destaque ainda para as belezas naturais da localidade. O Rio Gurjaú forma uma bela corredeira cercada por rochas de coloração rósea. Ali se encontra a famosa pegada na rocha relatada por Frei Jaboatão que, segundos as lendas, seria de São Tomé. Com certeza podemos dizer que o Engenho Gurjaú de Baixo é um dos mais bonitos da região.
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Estação Ferroviária de Moreno
Por James Davidson
A Estação Ferroviária do Moreno fica localizada no centro da cidade, às margens da Avenida Dr. Sofrônio Portela. É um importante marco histórico da cidade que contribuiu de forma fundamental para o crescimento de Moreno. Porém, encontra-se abandonada e sem nenhum uso, apesar de sua importância.
A Estação Ferroviária do Moreno foi construída no final do século XIX, mas precisamente no ano de 1885. Fazia parte da Linha de Ferro Central de Pernambuco, principal tronco ferroviário que ligava o Recife ao interior do estado. Inicialmente, a estação seria instalada em terras do Engenho Morenos, porém, a pedido do Barão de Morenos ela foi implantada em terras de um outro engenho de sua propriedade, o Engenho Catende.
É importante ressaltar que, nessa época, o núcleo da atual cidade de Moreno não passava do modesto povoado que era o Engenho Catende. Mas com o advento da ferrovia, houve um aumento do fluxo de pessoas e mercadorias devido à melhor facilidade de acesso. Este fator foi de extrema importância pois atraiu a vinda de pessoas e a própria instalação do Cotonifício, contribuindo assim para o crescimento do povoado que, poucas décadas depois, seria elevado à Vila e à condição de cidade.
Assim, a Estação Ferroviária do Moreno foi um fator fundamental para o desenvolvimento do município. Está em processo de tombamento a nível estadual pela FUNDARPE e, apesar de sua importância para a cidade, encontra-se abandonada e sem nenhum uso definido.
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