Mostrando postagens com marcador Rios. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Rios. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 3 de junho de 2020

15 anos da Cheia de 2005

Por James Davidson

Rio Jaboatão Fonte: Climatempo

Em 02 de junho de 20202 completam 15 anos de uma das maiores tragédias que atingiram o Centro de Jaboatão e de Moreno. Na tarde de 02 de junho de 2005 as chuvas torrenciais que atingiram a região fizeram o rio Jaboatão transbordar. As águas subiram rapidamente alcançando cerca de 15 metros acima do normal. Centenas de casas foram arrastadas pelas águas em Moreno e nos bairros da Vila Rica, Moenda de Bronze, Centro, Engenho Velho e Socorro em Jaboatão. Milhares de pessoas ficaram desabrigadas, sendo refugiadas em escolas e espaços públicos.


Em Moreno as águas do rio Jaboatão ultrapassaram o nível da Ponte Santa Maria, inundando o ABC, o Centro e a Avenida Dr. Sofrônio Portela. Dezenas de casas localizadas ás margens do rio foram destruídas nos bairros do Matadouro e N.s da Conceição, que também foram atingidos, assim como o bairro de Tamboatá. Centenas de famílias ficaram desabrigadas, sendo alocadas para escolas e outros espaços públicos.


Em Jaboatão as águas inundaram o pátio da feira, lojas comerciais e a Avenida Barão de Lucena. Dezenas de comerciantes perderam seus estabelecimentos enquanto muitos moradores da comunidade de Moenda de Bronze perdiam suas casas. As águas chegaram a ultrapassar o nível da Ponte da Vila Rica, que acabou ficando danificada com a força da corrente. Um morador chegou a morrer sendo arrastado pelas águas ao tentar salvar um botijão de gás.

O governo federal na época mandou uma ajuda de apenas 500 mil reais. Igrejas, associações de bairro e outras instituições similares realizaram uma grande mobilização para arrecadar roupas e suprimentos para os desabrigados. Destaque para a IBCJ (Igreja Batista Central do Jaboatão, sob o comando do Pastor Davi Farias) que realizou uma grande operação, ajudando centenas de necessitados. A ajuda também veio do pentacampeão Rivaldo e do governo da Holanda que ajudaram na construção de casas em Moreno para os desabrigados, na época do prefeito Edvard Bernardo, vindo daí a fundação da Vila Holandesa. Enquanto a prefeitura de Moreno ajudou na construção dessas casas, a prefeitura de Jaboatão, na época sob a gestão de Newton Carneiro, nada fez, deixando os moradores à própria sorte. Somente dez anos depois foi construído pelo governo estadual um conjunto de casas na antiga Usina Jaboatão, destinadas aos desabrigados da cheia.

A cheia foi tão grande que muita gente acredita que não foi causada por fatores naturais, atribuindo o incidente a uma suposta represa que se rompeu, ou mesmo repetindo o Mito de que Tapacurá teria se rompido. Vale lembrar que Tapacurá faz parte da Bacia do Rio Capibaribe, portanto mesmo que a represa se abrisse, as águas atingiram o Recife e São Lourenço da Mata, mas não o rio Jaboatão que faz parte de uma bacia hidrográfica diferente.

quarta-feira, 7 de março de 2018

Rio Jaboatão na Cidade do Moreno


Por James Davidson




A partir de sua nascente, no município de Vitória de Santo Antão, o Rio Jaboatão adentra no município do Moreno em terras do Engenho Jussara, após percorrer alguns engenhos do município de Vitória. Tem início aí um longo percurso de cerca de 17 quilômetros em que o Rio Jaboatão atravessa o município do Moreno de oeste a leste, passando pelas sedes dos engenhos Jussara, Jaboatãozinho, Pintos, Pereiras e Morenos, adentrando em seguida na cidade. O rio deixa o município do Moreno em terras do Engenho Bom Dia, seguindo, daí em diante, em território do vizinho município de Jaboatão dos Guararapes.

No Engenho Jussara, forma o Rio Jaboatão várias corredeiras que são aproveitadas pela Compesa como pontos de captação de água para o Distrito de Bonança e para Cidade de Deus. Ali, ainda se conserva a Mata do Engenho Jussara, um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica às margens do Rio Jaboatão.

No passado, a água do Rio Jaboatão era utilizada pelos engenhos na produção do açúcar. A força motriz do rio movia as moendas dos vários engenhos à sua margem, através de Rodas D'águas. Um dessas últimas rodas d'águas existentes até alguns anos atrás era a do Engenho Jaboatãozinho, que se localizava às margens do Rio. Porém, e infelizmente, foi levada por moradores para um ferro-velho em Bonança e destruída. Resta agora, em toda a bacia do Jaboatão, somente a roda d'água do Engenho Seva, situada às margens do Riacho Laranjeiras, um de seus afluentes. É um dos últimos testemunhos dos tempos faustos do açúcar no município.


De Jaboatãozinho, o Rio Jaboatão segue para o Antigo Engenho Pintos. Ali, a construção da Barragem no vizinho Engenho Pereiras fez com que a localidade ficasse abandonada. A perspectiva de inundação pelo lago da represa fez com que o Estado indenizasse os moradores, deixando o lugar um deserto. Destaque para o antigo Casarão do Engenho Pintos, um verdadeiro exemplar da arquitetura do açúcar, que será inundado. Assim, mais um local histórico para a memória do município ficará esquecido e submerso!


Mais adiante, o Rio Jaboatão atravessa as terras dos Engenhos Pereiras e Morenos, penetrando em seguida na Cidade, pelo Banho do Salu. Até então, o Rio vinha sofrendo apenas com algumas agressões oriundas da agricultura, como o uso de agrotóxicos e a destruição de sua Mata Ciliar. Porém, na Cidade, outros impactos começam a comprometer a água do Rio Jaboatão. Na comunidade da Galinha D'água, por exemplo, um esgoto a céu aberto deságua sem tratamento no Rio.


No Centro da Cidade do Moreno, uma pequena represa no trecho conhecido como "Tomada" marca o cenário do rio. Ali, a água do rio era utilizada para os serviços da Fábrica do Société Cotonnière. Atualmente, se encontra contaminada e tomada pelo lixo. Fica difícil imaginar que décadas atrás esse trecho era utilizado para o banho pelos moradores, principalmente na parte conhecida como "Poço da Nega".

Mais adiante, rio abaixo, podemos encontrar os mesmos problemas de esgoto e de lixo sendo despejados no rio. No bairro de N.S. de Fátima, podemos ver crianças tomando banho no rio, enquanto porcos descasam ao lado. Na ocasião, flagramos um comerciante local despejando resíduos de uma loja de aves no Rio Jaboatão. Também registramos crianças pescando no rio. Após o bairro de N.S. da Conceição, o Jaboatão segue para o Engenho Bom Dia, deixando o município do Moreno e seguindo por Jaboatão dos Guararapes.

Quais as consequências do tratamento que é dado pela cidade e seus moradores ao rio? Doenças, riscos á saúde e enchentes são os principais. Na grande cheia de 2005, por exemplo, o Rio Jaboatão transbordou invadindo as casas e destruindo as invasões em suas margens. A população carente, como sempre, é a que mais sofre!


E qual seria a solução para os problemas enfrentados pelo Rio Jaboatão na Cidade do Moreno? O que é preciso fazer para mudar o estado do rio? Que atitudes são necessárias para tornar o Rio Jaboatão em um rio limpo e saudável novamente? Essas perguntas somente serão respondidas se houver, antes de tudo, um redirecionamento na forma de tratamento que é dado ao rio pela Cidade. E para isso, além da realização de obras de saneamento básico, como a criação de uma rede de coleta de esgoto que atenda a toda a cidade e a criação de uma coleta seletiva e eficiente de lixo, é preciso que a população participe ativamente na recuperação do rio, não como mera expectadora, mas como membro participante e atuante dessa mudança. E isso só será possível com uma forte mediação do poder público em todas as esferas de governo, no sentido de não somente realizar obras de intervenção necessárias para recuperação do Rio Jaboatão, mas também inserindo a população no processo através da Educação Ambiental. É somente por meio da Educação Ambiental que poderá haver uma mudança de pensamento e de ações, passando a relação das pessoas com o Rio a ser harmoniosa e equilibrada. Assim, quem sabe um dia a Cidade do Moreno voltará a conhecer um Rio Jaboatão limpo e despoluído!

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Mapa da Bacia do Jaboatão

Por James Davidson

Publico aqui um mapa da Bacia do Jaboatão disponível no Relatório sobre a Barragem do Engenho Pereiras
Fonte: ITEP

Bacia do Jaboatão Fonte: ITEP

sábado, 1 de março de 2014

Bacia do Rio Jaboatão

Por James Davidson




A bacia do Rio Jaboatão está localizada no Estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil, abrangendo uma área de 413 km², entre as coordenadas 8°00’ e 8°14’ de latitude sul e 34°50’ e 35°15’ de longitude oeste. Drena os municípios de Recife, Jaboatão dos Guararapes, Moreno, São Lourenço da Mata, Cabo de Santo Agostinho e Vitória de Santo Antão, sendo uma das bacias mais importantes do Grande Recife.

Rio Jaboatão na altura da Usina Bulhões
 
Rio Jaboatão no Engenho Jaboatãozinho


Junto com as bacias dos rios Tejipió, Pirapama, Massangana e Jordão, ela é classificada como sendo do Grupo GL2 (Grupo de pequenos rios litorâneos) pela CPRH (Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos). A temperatura média anual da bacia é de 24°C e a média das precipitações são sempre acima de 1500mm anuais. O clima é do tipo ams’, segundo a classificação de Köeppen. O período de chuvas desenvolve-se entre os meses de março e agosto.

Rio Jaboatão em trecho da Cidade do Moreno

Rio Mussaíba, afluente do Jaboatão
O Rio Jaboatão é o rio principal da bacia, possuindo 75 Km de comprimento e desembocando no Oceano Atlântico. Sua foz encontra-se na Praia de Barra de Jangadas, em Jaboatão dos Guararapes, e sua nascente encontra-se em terras do Engenho Pacas e Arandú de Cima, em Vitória de Santo Antão. Seus principais afluentes são os rios Duas Unas, Mussaíba, Manassu, Muribequinha, Suassuna, Laranjeiras, Caiongo, Contra-açude, Carnijó, Una, Xixaim, entre outros.

Cachoeira no Riacho Manassú, afluente do Jaboatão
Início do baixo Curso do Rio Jaboatão - Bairro de Marcos Freire
 
A Bacia hidrográfica do Rio Jaboatão é de grande importância para a RMR, pois além de possuir expressiva área de abrangência nesta, contribui significativamente para o abastecimento da região. Para isso, possui diversas represas e açudes em seus afluentes, com captação pela COMPESA, destacando-se a Represa de Duas Unas, 4° maior da RMR em atividade.

Trecho do Rio Jaboatão entre os municípios do Moreno e do Jaboatão

Porém, apesar de sua importância, a bacia do Rio Jaboatão vem sofrendo inúmeros impactos ambientais que vem prejudicando a fauna, flora e a qualidade da vida das pessoas da região. Entre estes impactos, destaca-se o despejo de resíduos industriais os mais diversos nos rios, os dejetos residenciais sem tratamento nos cursos d’água, o desmatamento desenfreado, o despejo de lixo e a ocupação irregular das margens fluviais, entre outros. Tudo isso contribui para que o Rio Jaboatão seja um dos rios mais poluídos e degradados do Estado de Pernambuco.

Contaminação do Rio Jaboatão em Jaboatão Centro

Atividade impactante nas margens do Rio Duas Unas

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Vídeo documentário Águas do Jaboatão

Por James Davidson


Acima Vídeo Documentário Águas do Jaboatão, realizado pelo MJPOP, em parceria com  A Juventude Suassuna e o Jaboatão Redescoberto. Foram várias visitas em diversos trechos do Rio Jaboatão e seus afluentes, percorrendo seus 75 Quilômetros, desde sua nascente em Vitória de Santo Antão, até sua foz em Barra de Jangadas. Conversamos com moradores locais - pescadores, coletores, sitiantes e ribeirinhos - e flagramos várias atividades poluidoras e destruidoras do Meio Ambiente. Foi uma experiência maravilhosa, onde pudemos sentir na pele os momentos tanto de beleza, como de agonia do nosso rio. A relação dos moradores locais com nossa artéria fluvial também pôde ser analisada através deste documentário. Tudo em defesa do meio ambiente e do rio que deu origem à nossa cidade. Não somente autorizamos, mas insistimos que este vídeo seja compartilhado, baixado, distribuído e divulgado em todas as mídias sociais para que seja um importante veículo de conscientização social e ambiental nas escolas, comunidades, universidades, seminários,  etc. Que os professores e atores sociais de nossas escolas e comunidades utilizem este vídeo para a Educação Ambiental em nosso município. Um agradecimento especial a Alexandre Roseno, Edson, Julie Carle, Mário César Ramos, Tathiana Cosme, Raiana Rodrigues, Torquato Silva, Walkíria Rodrigues, Joel Emídio, Pollyana Virgolino, Sr, Salatiel e para todos os outros que contribuíram de alguma forma ou de outra para a realização deste importante trabalho. Esperamos que um dia possamos ver esta triste realidade transformada e que um dia possamos beber da água do Rio Jaboatão em todos os trechos, não só em sua nascente!!!

sábado, 7 de julho de 2012

Hidrografia do município de Moreno

Por James Davidson


O município de Moreno está incluído em três bacias hidrográficas: Bacia do Rio Jaboatão, Bacia do Rio Pirapama e Bacia do Rio Capibaribe. A Bacia do Jaboatão está representada pelo Rio Jaboatão, pelo Rio Duas Unas e seus afluentes. A Bacia do Rio Capibaribe está representada pelo Rio Várzea do Una, afluente do Rio Tapacurá que, por sua vez, é afluente do Rio Capibaribe. Os rios Gurjaú, Cajabussu e Arariba são os representantes da Bacia do Pirapama no município.

Rio Jaboatão

A Bacia do Rio Jaboatão é a principal bacia hidrográfica do município de Moreno ocupando a maior parte de seu território. O Rio Jaboatão corta o município de oeste a leste, vindo de Vitória de Santo Antão, passando pelos engenhos Jussara, Jaboatão, Pintos, Pereiras, Morenos e entrando pela sede da cidade até o Engenho Bom Dia, onde deixa o município adentrando em terras de Jaboatão dos Guararapes. Recebe as águas de vários afluentes importantes como o Riacho Una, Riacho Laranjeiras, Riacho Capim-Açu, Riacho Xixaim e Riacho Cachoeira, este último na cidade.

Rio Jaboatão na cidade de Moreno

 Além do Rio Jaboatão, também faz parte da bacia o Rio Duas Unas que nasce em território morenense, próximo à Bonança, às margens da BR 232, junto à antiga LONEX. Segue em direção norte e, depois, leste, onde adentra o município de Jaboatão dos Guararapes já formando a Represa de Duas Unas. Serve de limite entre o município de Moreno e de São Lourenço da Mata, passando pelos engenhos Serraria, Usina N.S Auxiliadora, Fortaleza, Pacoval, Una e Pocinho. Seus principais afluentes em território morenense são os riachos Pacoval e Dois Irmãos.

Rio Duas Unas próximo à sua nascente, no Engenho Serraria

Rio Duas Unas 


O Rio Várzea do Una nasce no município de Vitória de Santo Antão, em terras do Engenho Tamatá-Mirim. Segue em direção leste com traçado retilíneo, paralelo à Br 232, por estar encaixado na falha geológica denominada Lineamento Pernambuco, que corta o estado de leste a oeste. Passa pelo Engenho Queimadas e pelo centro do distrito de Bonança. Após passar pelo Engenho Tapera, segue direção nordeste, deixando o município no Engenho Várzea do Una para, posteriormente, juntar-se ao Tapacurá. Seu principal afluente é o Riacho do Coutinho.

Rio Várzea do Una em Bonança

O Rio Gurjaú é o principal afluente do Rio Pirapama e tem suas nascentes localizadas no Engenho Buscaú, em Moreno. Passa pelo Engenho Brejo onde forma bela queda d'água e depois segue pelos engenhos Cumarú, Gurjaú de Cima, Gurjaú de Baixo e Jacobina. Deixa o município após passar pelo Engenho São Braz, seguindo em direção ao Rio Pirapama, no município do Cabo de Santo Agostinho. Seus principais afluentes em território de Moreno são o Riacho das Moças, Riacho Cumarú, Riacho Javunda, Riacho Caraúna e Arroio Canzanza.

Rio Gurjaú no Engenho Gurjaú de Baixo

Cachoeira do Engenho Brejo no Rio Gurjaú


O Riacho Arariba, também chamado de Rios dos Macacos, nasce próximo ao Povoado de Massaranduba, zona rural de Moreno. Passa pelo Engenho Furnas onde se encaixa em um espetacular vale em "V" formado por uma extensa falha geológica que segue a direção NNE-SSE. Segue pela mesma falha até o Engenho Arariba do Pimentel, já em município do Cabo. Outro importante afluente do Rio Pirapama é o Rio Cajabussu, que nasce em terras do Engenho Buscaú (próximo à nascente do Rio Gurjaú) e adentra no Engenho Contra-açude, também encaixado numa falha geológica com direção N-S. Depois segue ao Engenho Cajabussu, já no município do Cabo.

Vale do Rio Arariba - Capim Canela

A importância dos rios e seus afluentes para o município consiste no fato que grande parte de seu território está incluído nas Áreas de Proteção dos Mananciais. Os rios Duas Unas, Várzea do Una e Gurjaú são fontes de abastecimento importantes para toda a Região Metropolitana do Recife, incluindo-se aí nessa lista também o Rio Jaboatão que também abastece Bonança e Vitória de Santo Antão e que terá essa função ampliada com a construção da Barragem do Engenho Pereiras. Daí a necessidade de proteção aos mananciais tão importantes para a população, mas nem sempre respeitada com o lançamento dos esgotos domésticos, de resíduos industriais e de agrotóxicos agrícolas. Fora o desmatamento das margens e encostas para o plantio da cana-de-açúcar ou para construção irregulares. Por isso, é preciso que o poder público atue na defesa dos mananciais através da Educação Ambiental com a população, da fiscalização e punição aos infratores da lei.

Recipiente de agrotóxico jogada às margens do Rio Duas Unas em Serraria

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Cachoeiras de Moreno

Por James Davidson


Moreno é um município que conta com um grande potencial turístico ainda muito pouco aproveitado. São muitos os atrativos espalhados por todo o município e que são, de uma forma geral, bem pouco conhecidos. Entre estes, as cachoeiras são destaque por sua imensa beleza, pela pureza de suas águas e pelo isolamento e distância que as mantém ainda muito bem preservadas.



Duas são as principais cachoeiras do município de Moreno. Existem outras menores, mas estas duas merecem ser conhecidas: a Cachoeira do Engenho Brejo e a Cachoeira do Engenho Seva.


A cachoeira do Engenho Brejo fica localizada próxima à antiga sede do referido engenho. Situada numa área de difícil acesso, com ladeiras sinuosas e curvas íngremes, está cercada por uma parcela de Mata Atlântica relativamente bem preservada. O Rio Gurjaú, cuja nascente verdadeira fica no Engenho Buscaú próximo às Torres, forma a imensa queda d'água que parece possuir quase uns dez metros de altura. Esta cachoeira é citada por Sebastião Honorato, autor do século XIX, que dizia que o Rio Gurjaú "precipitava-se sobre umas cascatas". É realmente muito bonita, mas a área não está mais recebendo visitas, infelizmente.



A outra cachoeira de destaque é a existente no Engenho Seva, próximo ao Povoado de Massaranduba. Seva é um dos últimos engenhos do município de Moreno e o único que conserva sua histórica Roda D'água. A cachoeira é acessada por uma bela trilha dentro da Mata Atlântica que dá um charme a mais no atrativo. Formada pelas águas do Riacho Laranjeiras, um dos afluentes do Rio Jaboatão, a cachoeira apresenta-se bem aconchegante no meio da mata. Apesar de menor que a cachoeira do Engenho Brejo, parece ser mais acolhedora e segura. O Engenho Seva chegou a tentar por em prática um projeto de visitação turística, mas que não foi posto para frente. É uma pena porque o local tem realmente um potencial enorme!


Matéria sobre o Engenho Pintos

Por James Davidson

Após a realização da audiência pública sobre a Barragem do Engenho Pereiras em Moreno, o Jc fez a seguinte matéria e vídeo abaixo:

Disponível em:http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/noticia/2012/03/20/parte-de-moreno-sera-inundada-para-evitar-cheias-futuras-36387.php


Parte de Moreno será inundada para evitar cheias futuras

Estrutura será construída no Rio Jaboatão e vai inundar entorno da casa-grande do Engenho Pintos. Compesa promete fim da falta d'água na área sul da RMR


Às margens do Rio Jaboatão, em Moreno, a área no entorno da casa-grande do Engenho Pintos, distante 16 quilômetros do Centro, será inundada com a construção de uma barragem. O objetivo da estrutura é acabar definitivamente com as cheias que costumam afetar o município e parte de cidades vizinhas como Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife, e Vitória de Santo Antão, Zona da Mata.
O empreendimento terá como responsável a Compesa, que também promete acabar com problemas de falta d'á-gua na região. Apesar de o projeto prever apenas a inundação do Engenho Pintos, a nova barragem ganhará o nome do Engenho Pereira, que fica ao lado do espaço destinado ao reservatório.
Além de destruir o que restou da estrutura do engenho secular, o empreendimento atingirá terras de um assentamento rural que abriga 400 famílias. São pessoas que conquistaram o direito de viver por lá, há 15 anos, e outras que receberam moradias por herança. Para quem depende da terra para tirar o sustento, a notícia da construção da barragem chegou de repente e assustou.

"É como uma bomba que vai cair nas nossas cabeças. A gente escuta falar nessa obra há muito tempo, mas todo mundo acreditava que era boato. Víamos os pesquisadores entrarem nas terras, mas ninguém nunca chegou para explicar o que ia acontecer no engenho", afirma a agricultora Edna Maria da Silva, 44 anos, uma das responsáveis pela Associação dos Parceleiros do Assentamento Herbert de Souza.

O território do Engenho Pintos é dividido em 147 lotes, administrados por pequenos agricultores. Muitos começaram a ocupar os terrenos com lonas. Atualmente, cada um tem seu espaço e todos plantam nas áreas comuns. Nem todas as casas do assentamento vão ser inundadas, mas quem vai ter que mudar de endereço teme o difícil recomeço.
"Trabalhar a terra do zero, encontrar um lugar tão bom para plantar, com um rio maravilhoso como o que temos aqui do lado de casa vai ser muito difícil. Todo mundo aqui é apegado a essas terras, ver acabar tudo é cruel", diz a agricultora Betânia Francisca da Silva, 37. A família de Cleide Josefa dos Santos, 46, foi criada no engenho e não pensa em outro lugar para morar. "É o nosso paraíso. A gente planta de tudo e é muito tranquilo", conta.
Caberá à Compesa recompensar as famílias pela destruição de suas casas. "Cada morador vai ter o direito de escolher se prefere ser indenizado ou reassentado. O valor da indenização e os detalhes dessa negociação ainda serão acertados", disse o diretor regional metropolitano da Compesa, Rômulo Aurélio de Melo, durante audiência pública ocorrida na última quinta-feira no Centro de Moreno.

Na ocasião, foi apresentado à população o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) da barragem, desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep). De acordo com a coordenadora técnica da instituição, a geógrafa Edvânia Torres Aguiar Gomes, uma das ações de redução de impacto ambiental que deverá ser posta em prática pela Compesa é o replantio das espécies encontradas na área a ser inundada.

Os animais identificados no engenho deverão ser encaminhados para outros territórios e os peixes tenderão a buscar outras áreas quando perceberem a mudança no meio, que acontecerá gradualmente. O Rima da Barragem do Engenho Pereira está disponível no site da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH). Ainda não há previsão de data para o início das obras.

domingo, 4 de março de 2012

Audiência pública sobre Barragem no Rio Jaboatão será dia 15/03

Por James Davidson



A CPRH, Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos estará realizando uma audiência pública para discutir a construção da Barragem do Rio Jaboatão no Engenho Pereiras, em Moreno.  O evento será realizado no dia 15 de março no Sociète Esporte Clube, próximo a Praça da Bandeira, no centro de Moreno, às 9:30 hs. Talvez o evento conte com a participação e a presença do Governador do estado Eduardo Campos.

A obra será construída nas terras do antigo Engenho Pereiras e tem como finalidade principal conter as enchentes do Rio Jaboatão. Além disso, pretende fornecer água para a cidade de Moreno e para Bonança, diminuindo o racionamento nessas localidades. O estudo de Impacto ambiental será apresentado e os questionamentos da população deverão ser respondidos.

Infelizmente, o autor deste blog estará de viagem nesse dia, não podendo comparecer. Porém, venho através deste convocar a todos os jaboatonenses e morenenses a participarem do evento. Sugiro alguns questionamentos que julgo importantes para o evento:

1- Qual o destino da população da área que vai ser inundada?
2- Se forem indenizados, qual o valor? É um valor justo?
3- O Engenho Pintos, com seu antigo sítio histórico, vai ser inundado, o que pode ser feito para salvar o patrimônio?
4- Jaboatão Centro não usufrui da água da Represa de Duas Unas, também será excluído da água dessa nova represa?
5- Será feito algum estudo arqueológico na região?

Acredito que essas questões poderão ser resolvidas e esclarecidas durante o evento. Mas pra isso é preciso que a população participe, esteja por dentro do projeto e discuta estes e outros itens. O exercício da verdadeira cidadania exige a participação da comunidade diretamente atingida.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Rio Gurjaú

Por James Davidson


O Rio Gurjaú é o 2° rio mais importante do município do Moreno, atrás apenas do Rio Jaboatão. Afluente mais importante do Rio Pirapama, serve como limite entre os municípios de Moreno e do Cabo de Santo Agostinho. Destaca-se por percorrer vastas áreas de zona rural e de ser uma importante fonte de abastecimento da Região Metropolitana.


O Rio Gurjaú possui cerca de 30 km de curso, desde a sua nascente até a sua foz, no Rio Pirapama, perto da cidade do Cabo. Sua bacia hidrográfica possui 145,7km² dos quais mais da metade estão dentro de Moreno. Sua bacia inclui terra dos engenhos São Braz, Gurjaú-de-Baixo, Gurjaú-de-Cima, Canzanza, Caraúna, Gameleira, Mato-grosso, Floresta, Javunda, Brejo, Novo da Conceição, Cumarú e Buscaú.



Sobre as suas nascentes existe uma grande indefinição sobre sua verdadeira localização. Indefinição comum em vários casos no mundo, quando muitas vezes um afluente é confundido com o rio principal. Como exemplo, pode-se citar o caso dos rios Mississípi e Missouri, nos Estados Unidos e Araguaia e Tocantins, no Brasil. Nestes casos o afluente (Mississípi e Tocantins) foi tido como rio principal e o rio principal (aquele que possui curso maior e maior volume de água) foi tido como afluente (Missouri e Araguaia). O mesmo de certa forma ocorre com o Rio Gurjaú, pois quando os limites entre Moreno e Cabo foram estabelecidos, considerou-se o Rio Gurjaú como limite, desde a confluência com o Riacho Secupema até a sua nascente. Porém, neste caso foi tomado como curso inicial do Rio Gurjaú o chamado Riacho das Moças e não o rio de maior extensão que é o Riacho Queda D'água. Assim, foi considerada como nascente do Rio Gurjaú a nascente do Riacho das Moças, que fica entre Contra-açude, Cajabussu e Engenho Novo da Conceição. Segundo outros autores, o verdadeiro Rio Gurjaú não é o Riacho das Moças, mas sim o Riacho Queda D'água que possui maior extensão e volume de água. 



Se levarmos em consideração os critérios que o rio principal é sempre aquele que possui o maior percurso e o maior volume de água, então o Rio Gurjaú seria o Riacho Queda D'água e não o Riacho das Moças, pois o primeiro tem um percurso mais longo, um leito e volume de água maiores que o segundo. Assim, a verdadeira nascente do Rio Gurjaú fica em terras do Engenho Buscaú, no sopé do monte das torres de comunicação, entre os Engenhos Buscaú, Contra-açude e Paris.


O Rio Gurjaú passa pelos seguintes engenhos, a partir da nascente: Buscaú, Brejo, Cumaru, Gurjaú de Cima, Gurjaú de Baixo, Jacobina, São Braz, São João, Bom Jesus e Guerra. Seus principais afluentes são os seguintes: Riacho Doca, Riacho Cumaru, Riacho Javunda, Riacho das Moças, Riacho Bom Jardim, Riacho Caraúna, Arroio Canzanza, Arroio Secupema, Riacho Ubaldino e Riacho São Caetano. O Gurjaú e seus afluentes também formam algumas cachoeiras, como a de Gurjaú, próximo à represa, a do Engenho Brejo, etc.


O vale do Rio Gurjaú foi uma das primeiras áreas de colonização portuguesa em Pernambuco. Desde o século XVI, alguns engenhos já estavam instalados como o São Braz, Secupema, Guerra, São João, Gurjaú de Cima e Gurjaú de Baixo. Existe até lendas relacionadas ao rio. Uma delas, contada pelo Frei Jaboatão, dizia que uma marca de pé humano existente nas pedras do rio, em Gurjaú-de-baixo, foi feita por São Tomé, o apóstolo, ou por um menino que o acompanhava. A palavra Gurjaú é de origem indígena (tupi) e significa "rio viveiro dos sapos".


A represa de Gurjaú foi criada em 1918, com o intuito de contribuir com o abastecimento de água para a capital do estado. Conta com uma reserva ecológica para proteção das nascentes. Contudo, infelizmente, apesar de quase toda a sua bacia está protegida pela legislação da área de proteção de mananciais, não existe respeito com o meio ambiente. As usinas plantam cana em áreas proibidas, como nos cumes de morros e nas margens do rio, contribuindo para uma maior assoreamento fluvial. Além disso, muitas áreas de matas foram desmatadas para ampliar o cultivo canavieiro. É uma região onde simplesmente não existe fiscalização!