Mostrando postagens com marcador História. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador História. Mostrar todas as postagens

sábado, 14 de novembro de 2020

História do Moreno I

 Segue abaixo o primeiro vídeo sobre a História do Moreno da Série História do Moreno, pelo Professor James Davidson




quarta-feira, 3 de junho de 2020

15 anos da Cheia de 2005

Por James Davidson

Rio Jaboatão Fonte: Climatempo

Em 02 de junho de 20202 completam 15 anos de uma das maiores tragédias que atingiram o Centro de Jaboatão e de Moreno. Na tarde de 02 de junho de 2005 as chuvas torrenciais que atingiram a região fizeram o rio Jaboatão transbordar. As águas subiram rapidamente alcançando cerca de 15 metros acima do normal. Centenas de casas foram arrastadas pelas águas em Moreno e nos bairros da Vila Rica, Moenda de Bronze, Centro, Engenho Velho e Socorro em Jaboatão. Milhares de pessoas ficaram desabrigadas, sendo refugiadas em escolas e espaços públicos.


Em Moreno as águas do rio Jaboatão ultrapassaram o nível da Ponte Santa Maria, inundando o ABC, o Centro e a Avenida Dr. Sofrônio Portela. Dezenas de casas localizadas ás margens do rio foram destruídas nos bairros do Matadouro e N.s da Conceição, que também foram atingidos, assim como o bairro de Tamboatá. Centenas de famílias ficaram desabrigadas, sendo alocadas para escolas e outros espaços públicos.


Em Jaboatão as águas inundaram o pátio da feira, lojas comerciais e a Avenida Barão de Lucena. Dezenas de comerciantes perderam seus estabelecimentos enquanto muitos moradores da comunidade de Moenda de Bronze perdiam suas casas. As águas chegaram a ultrapassar o nível da Ponte da Vila Rica, que acabou ficando danificada com a força da corrente. Um morador chegou a morrer sendo arrastado pelas águas ao tentar salvar um botijão de gás.

O governo federal na época mandou uma ajuda de apenas 500 mil reais. Igrejas, associações de bairro e outras instituições similares realizaram uma grande mobilização para arrecadar roupas e suprimentos para os desabrigados. Destaque para a IBCJ (Igreja Batista Central do Jaboatão, sob o comando do Pastor Davi Farias) que realizou uma grande operação, ajudando centenas de necessitados. A ajuda também veio do pentacampeão Rivaldo e do governo da Holanda que ajudaram na construção de casas em Moreno para os desabrigados, na época do prefeito Edvard Bernardo, vindo daí a fundação da Vila Holandesa. Enquanto a prefeitura de Moreno ajudou na construção dessas casas, a prefeitura de Jaboatão, na época sob a gestão de Newton Carneiro, nada fez, deixando os moradores à própria sorte. Somente dez anos depois foi construído pelo governo estadual um conjunto de casas na antiga Usina Jaboatão, destinadas aos desabrigados da cheia.

A cheia foi tão grande que muita gente acredita que não foi causada por fatores naturais, atribuindo o incidente a uma suposta represa que se rompeu, ou mesmo repetindo o Mito de que Tapacurá teria se rompido. Vale lembrar que Tapacurá faz parte da Bacia do Rio Capibaribe, portanto mesmo que a represa se abrisse, as águas atingiram o Recife e São Lourenço da Mata, mas não o rio Jaboatão que faz parte de uma bacia hidrográfica diferente.

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Livros sobre Moreno



O município do Moreno conta com um número significativo de obras sobre a sua história, sua gente e sobre seus engenhos. Entre livros, folhetos e revistas, são vários os trabalhos que abordam o tema ou contribuíram para sua divulgação da memória da Terra de Baltazar. Vejamos os principais:

*    A Casa-grande do Engenho Morenos – Raimundo Paes Barreto: Título de matéria publicada na Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, no ano de 1930. Traz uma descrição da casa-grande do Engenho Morenos, visitada por D. Pedro II em meados do século XIX.

*    Engenho MorenosJoaquim de Sousa Leão Filho: Publicado no ano de 1959 pelo diplomata historiador nascido no Engenho Morenos, conta a história do Engenho de sua família, desde suas origens até a época.

*    Dois Engenhos Pernambucanos Joaquim de Sousa Leão Filho: Matéria publicada na Revista do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN – Volume 13, de 1956. Resume a história dos engenhos Morenos, Gurjaú de Cima e de Baixo.

*    O Barão de Vila Bela Joaquim de Sousa Leão Filho: Terceira obra do diplomata morenense, conta a história de Domingos de Souza Leão, o Barão de Vila Bela, com informações valiosas sobre a história de Moreno.

*    Moreno, Passado e Presente – Sevy Rocha: Esta obra nunca publicada conta a história do município do Moreno sob a perspectiva de quem conheceu os primórdios da cidade como educadora – A professora Severina de Almeida Rocha – Sevy Rocha.

*    História do município do Moreno – Sevy Rocha: Outro manuscrito de autoria de Sevy Rocha nunca publicado. Como o anterior, traz informações inédita e relevantes sobre os primórdios da Cidade do Moreno.

*    Memórias de uma Mestra – Sevy Rocha: É uma autobiografia da professora Sevy Rocha que traz muito da história da cidade durante a primeira metade do século XX.

*    Guia de Endereços e Telefones do Moreno – João Carneiro da Cunha: Lançado em 1976, além de ser uma lista telefônica da cidade, possuía um breve resumo histórico da cidade, embrião dos trabalhos que se seguiriam depois pelo autor.

*    Guia Histórico, Cultural e Informativo do Moreno – João Carneiro da Cunha: Lançado em 1978, foi o primeiro livro propriamente dito do autor, com várias informações históricas da cidade e do município em geral, fotografias de personagens e imagens da cidade.

*    Moreno 50 anos de Emancipação Política - João Carneiro da Cunha: Livro lançado em 1978 em comemoração dos 50 anos de emancipação política do Moreno. Além de vários textos sobre a cidade em geral, destaca vários fatos e pessoas que contribuíram para a Emancipação Política da cidade.


*     Memórias de um árbitro, treinador e dirigente de clubes de futebol - João Carneiro da Cunha: Lançado em 1983, foca inicialmente na história futebolística do município. Em uma segunda seção, denominada “Memórias de quem conhece a Terra da Gente” conta a história do município ao modelo dos trabalhos anteriores do autor.

*    Educação na Cidade dos Eucaliptos – Vera Lúcia Lopes: Lançado em 2009, conta a história da cidade do Moreno com foco na Educação do Município. Possui muitas fotografias antigas da cidade e entrevistas orais.

*    Moreno de Engenho a Cidade - James Davidson - lançado em 2019 pelo professor e escritor James Davidson. Traz um resumo da história do município bem como vários fatos e curiosidades como ruas antigas, fábricas pioneiras e fatos marcantes da história do Moreno.


segunda-feira, 3 de abril de 2017

Moreno em 1921

Por James Davidson



Encontrei num antigo Almanaque esta fotografia da Cidade do Moreno, na época distrito de Morenos, datada do ano de 1921. Na imagem é possível perceber a antiga fábrica de tecido de Moreno - Sociétè Cotonnière Belge Bresilienne - cujo nome ficava gravado na cobertura. A fotografia, provavelmente tirada do atual Alto da Liberdade, mostra o centro de Moreno, muito pouco povoado por sinal. A sede da prefeitura não existia, havendo apenas um terreno baldio. As casas ao lado desta, porém, já existia na época, como se vê no prédio onde funcionou o Bandepe (Banco Santander). Mo fundo, é possível observar casas nos atuais bairros da Pedreiras e da Mangueira, mostrando que aquele setor da cidade já era habitado no período. Destaque ainda para a pequena represa no Rio Jaboatão, cuja água ia para o serviço da fábrica de tecidos.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

O Engenho Catende

Por James Davidson


O Engenho Catende está localizado no Centro da Cidade do Moreno. Foi nas terras desse engenho que se desenvolveu a atual Cidade do Moreno, a partir da compra do engenho pela fábrica da Société Cotonnière Belge Bresilienne, na primeira década do século XX. Assim, apesar de se chamar "Moreno", foi nas terras do Engenho Catende que Moreno se desenvolveu, e não nas terras do Engenho Moreno.


Mas a história do Engenho Catende é muito mais antiga que da cidade. Já em fins do século XVI e início do século XVII, encontramos referências ao Engenho "Nossa Senhora Conceição", situado no Vale do Rio Jaboatão. Consultando-se os mapas de Vingboons e de Marcgraf, elaborados no período holandês, percebe-se claramente que esse Engenho N.S. Conceição ficava localizado a oeste do Engenho Bulhões (São João Batista), subindo o Rio Jaboatão, à sua margem esquerda. Esse Engenho Conceição não era outro senão o atual Engenho Catende.


Durante o Domínio Holandês, o engenho pertencia a Antônio Pereira Barbosa que, com a invasão dos flamengos, fugiu para a Bahia abandonando sua propriedade. Assim, o Engenho Conceição foi confiscado e vendido aos holandês Servaes Carpentier. O engenho moía a água. Depois da invasão holandesa, o Engenho Catende teve outros proprietários até que, em meados do século XVIII, estava em posse de Domingos Bezerra Cavalcanti.



Diz a tradição oral que Domingos Bezerra Cavalcanti era o típico cruel e autoritário senhor de engenho. Segundos as lendas correntes, o mesmo enterrava vivo nas paredes de suas casas os escravos que lhe provocavam a ira. Assim, há quem acredite que o Casarão de Catende guarde em suas paredes esqueletos de escravos emparedados.


Domingos Cavalcanti era dono de vastas extensões de terras. Era dono de todos os engenhos situado entre Jaboatão e Tapera, inclusive os Engenhos Bulhões e Morenos. Construiu a Capela do Engenho Catende, em 1745, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, posteriormente mudada para a invocação de São Sebastião. Esta ficava localizada no alto da colina, bem acima da casa-grande, voltada para a direção nordeste. Foi destruída em 1973 para a construção da Escola Cardeal Dom Jaime Câmara.

O Casarão do Engenho Catende recebeu a visita do Imperador D. Pedro II e da Imperatriz Teresa Cristina, na volta de sua visita a Vitória de Santo Antão. Os monarcas almoçaram e descasaram no engenho, no dia 20 de dezembro de 1859. Nesta época o engenho pertencia a Antonio Pereira da Silva. Posteriormente, este vende a propriedade, em 1875, ao Barão de Morenos.


O Engenho Catende é adquirido, em 1907, pela companhia belga Société Cotonnière Belge Bresilienne por 108 contos. Embora a empresa instale a fábrica em outra parte da propriedade, os edifícios do antigo engenho permaneceram no local. Até uma fábrica de café chegou a existir onde era a fábrica de açúcar do engenho. A Casa-grande era popularmente conhecida como "Sobrado Velho do Tamboatá". A senzala ficava localizada numa rua atrás do casarão.

Durante a primeira administração do prefeito Edvard Bernardo, o casarão de Catende passou por uma reforma, pois o mesmo se encontrava abandonado e em estado precário de conservação. Porém, a reforma descaracterizou partes do edifício, como o piso do pavimento superior, gerando muitas críticas por parte da população. Hoje o edifício abriga a Guarda Municipal do Moreno e também sedia várias atividades festivas e culturais.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Ferrovias de Usinas em Jaboatão e Moreno

Por James Davidson

Maria Catita

Os municípios do Jaboatão dos Guararapes e do Moreno já possuíram, cada um, mais de 40 engenhos de cana-de-açúcar, cada um com sua fábrica e produção própria. Porém, no final do século XIX, iniciou-se um processo de modernização da produção açucareira, através da criação das usinas e dos engenhos centrais. A usina consistia num processo de produção mais moderno, em escala industrial, que demandava uma quantidade de matéria-prima muito maior que o simples engenho. Assim, os engenhos que não se transformaram em usina, acabaram virando apenas fornecedores de cana, ficando de "fogo morto". Este processo de transformação da produção açucareira não foi uniforme em todas as regiões, mas até a metade do século XX, todos os engenhos do Vale do Jaboatão já estavam na dependência direta ou indireta de alguma usina.

Ruínas da Usina Jaboatão

Para atender a demanda por mais matéria-prima, ou seja, por mais cana-de-açúcar, a usinas adotaram, inicialmente, o transporte ferroviário como alternativa mais viável e econômica. Assim, ainda no final do século XIX, iniciou-se a construção de ferrovias ligando as usinas aos vários engenhos que forneciam cana. As três usinas que se instalaram em Jaboatão tinham seus ramais ferroviários que as ligavam aos engenhos de sua área de influência, e que também se comunicavam com as ferrovias públicas estatais. Vejamos cada uma delas.

Município do Jaboatão - Enciclopédia dos Municípios/IBGE

A Usina Muribeca foi uma das primeiras usinas a ser criada no Estado de Pernambuco. Situada em terras do Engenho Recreio, funcionou até 1965, quando abriu falência. Suas terras foram loteadas e hoje formam diversos bairros da área de Muribeca. Pertenciam a esta usina os engenhos Guararapes, Recreio, Conceição e São Severino, além de arrendar safras de vários outros engenhos vizinhos. Possuía dois ramais ferroviários. O primeiro partia da Usina e seguia por 4 quilômetros em direção leste até o Engenho Guararapes, enquanto o segundo seguia em direção contrária, no rumo oeste, partindo da mesma usina e atravessando os engenhos Recreio, Conceição e São Severino, para depois se unir à ferrovia da Usina Jaboatão. Parece ter existido também, além destes, dois outros ramais ferroviários dos quais um seguia em direção sul, atravessando o Rio Jaboatão e passando pelo Engenho São Bartolomeu, seguindo até as pedreiras de Comportas. O outro seguia em direção oeste, pelo vale do Rio Muribeca, unindo os engenhos Muribequinha, Capelinha, Salgadinho e Camarço.

Município do Moreno - Enciclopédia dos Municípios/IBGE

A ferrovia da Usina Jaboatão era ligada com a Estrada de Ferro Central de Pernambuco, no ponto conhecido como "Estrela", em Jaboatão Centro, na antiga Praça dos Caçadores. Seguia daí pela rua Câmara Lima (Beco da Colônia) até a sede da Usina Jaboatão, onde se bifurcava em dois ramais. O primeiro descia pelo Riacho Suassuna até se encontrar com a ferrovia vinda da Usina Jaboatão. O segundo subia o mesmo riacho em direção aos Engenhos Palmeiras e Macujé. Antes, porém, formava um novo ramal, na altura da Colônia Salesiana, que seguia em direção ao sul e que veio a ser o principal tronco ferroviário da Usina Jaboatão. Este ramal ferroviário seguia até o Engenho Penanduba, onde tomava o rumo oeste, atravessando os engenhos Camarço e Secupema. Penetrava no município do Moreno em terras do Engenho Canzanza, seguindo daí em diante pelos engenhos Caraúna e Gameleira até chegar no Engenho Javunda, num percurso com mais de 16 quilômetros! Do Engenho Javunda saía ainda um pequeno ramal ao norte, até a metade do caminho para o Engenho Pereiras, e outro ao sul, que se comunicava com a ferrovia vinda da Usina Bom Jesus, no Engenho Cumarú.

Município de São Lourenço da Mata -  Enciclopédia dos Municípios/IBGE

Já o domínio canavieiro da Usina Bulhões eram mais para o norte, penetrando no território de São Lourenço da Mata e chegando até o Povoado de Matriz da Luz. Seu início era na Estrada de Ferro Central, diante da Usina, em Jaboatão Centro, seguindo em direção norte pelo vale do Rio Duas Unas até a sede do Engenho Camassary, onde tomava o rumo oeste pelo vale do mesmo rio. No encontro dos rios Duas Unas e Pixaó, a ferrovia da usina Bulhões se bifurcava. O primeiro ramal continuava pelo Vale do Rio Duas Unas passando pelos engenhos Pocinho e Una, onde aparentemente terminava neste último (talvez prosseguisse até o Engenho Pacoval). O segundo ramal seguia pelo Vale do Rio Pixaó, em direção noroeste, até o Engenho do Mato, onde novamente se bifurcava em dois sub-ramais. O primeiro seguia ao norte pelo Engenho Curupaity e terminava no Povoado de Matriz da Luz. Já o segundo, prosseguia pelo Vale do Rio Pixaó até o engenho homônimo, onde tomava o rumo oeste, seguindo até a nascente do rio. Atravessava o divisor de águas entre o Pixaó e o Várzea do Una, e seguia por mais sete quilômetros atravessando os engenhos Covas, Araújo, Poço Dantas e Várzea do Una, onde terminava. Em sua maior extensão, a ferrovia da Usina Bulhões alcançava até cerca de 20 km.

Usina Bulhões - Hoje Falida

Penetrava ainda no município do Moreno a ferrovia vinda da Usina Bom Jesus, sediada no município do Cabo. Subindo o Vale do Rio Gurjaú, atravessava os engenhos São Braz, Monte, Jacobina e Coimbras, sempre na margem do Rio Gurjaú que pertence ao município do Cabo, para daí ir aos Engenhos Gurjaú de Baixo e de Cima, já em território morenense. Neste último engenho, a ferrovia se bifurcava, indo um ramal para o Engenho Cumarú, onde se encontrava com o ramal vindo da Usina Jaboatão. O outro ramal seguia em direção ao Engenho Novo da Conceição, vindo a terminar em Cajabussu. No Engenho Novo saía ainda um pequeno ramal por um riacho, até a localidade conhecida como "Os quadros".

Vista aérea da Usina Jaboatão

Como é possível perceber, estas ferrovias ligavam quase todos os engenhos e era possível percorrer grandes distâncias de um município a outro. Facilitava não só o transporte da cana, mas também dos moradores dos engenhos que se beneficiavam das ferrovias para ir ao trabalho e para a cidade. Muitos utilizavam "trollers" para se locomover, o que às vezes causavam acidentes. Todo o vale dos rios Duas Unas, Gurjaú e Muribeca estavam conectados e podía-se ir de Muribeca a Matriz da Luz sem grande problemas. Hoje, porém, nenhuma dessas linhas mais existem e os trilhos foram todos arrancados e/ou roubados. É possível encontrar, às vezes, um ou outro trecho e alguns trilhos constituem colunas de algumas casas de moradores e há ainda uma pequena locomotiva parada na Usina Bulhões. Mas o que levou ao desaparecimento dessas ferroviais?

Ruínas da Usina Muribeca

O mesmo processo que se verificou com as ferrovias públicas parece ter ocorrido com as ferrovias privadas das usinas: o favorecimento do transporte rodoviário em detrimento do ferroviário, a partir das décadas de 60 e 70. Algumas ferrovias foram destruídas logo após o fechamento da usina, como foi o caso da Usina Muribeca, mas nos demais casos, mesmo com o prosseguimento das atividades, os trilhos foram arrancados em meados da década de 80, simplesmente porque os caminhões passaram a ser preferência para o transporte da cana. Com isso, o que seria no futuro uma grande oportunidade de transporte alternativo de passageiros simplesmente desapareceu!

Locomotiva na Usina Bulhões

sexta-feira, 2 de março de 2012

Capela do Engenho Catende

Por James Davidson
A primitiva Capela do Engenho Catende

Quem visita a atual Matriz de N.S da Conceição em Moreno muita vezes não imagina que aquele templo não foi o primeiro construído na cidade. Antes, próximo dali, onde atualmente se encontra a Escola Estadual Dom Jaime Câmara, existia no cimo do morro o que seria hoje um dos mais antigos edifícios do município - A Capela do Engenho Catende. Construída em 1745, foi edificada por ordem do Capitão-mor de ordenanças da Freguesia de Santo Amaro de Jaboatão - Domingos Bezerra Cavalcanti.

Sob a invocação de São Sebastião, a capela serviu de matriz até 1930, quando foi substituída pela atual Matriz da Conceição. Em 1973, porém, veio a destruição. Para realizar a construção da atual escola, e de acordo com o ex-prefeito João Carneiro da Cunha, com o apoio do engenheiro Airton Almeida Carvalho, diretor regional do IPHAN, demoliram a velha igreja. E assim, parte da história da cidade desapareceu junto com ela.

A antiga Capela do Engenho Catende é só um dos vários capítulos de destruição do patrimônio em Pernambuco. Muito poderia ser preservado se nosso país soubesse conciliar as necessidades do presente com os remanescentes do passado. Porém, parece que nós brasileiros não conhecemos nem valorizamos ainda o valor de nossa própria cultura.

domingo, 16 de outubro de 2011

Índios em Gurjaú

Por James Davidson


Outra curiosidade sobre as terras de Gurjaú é a presença de índios ainda no século XVIII. Conforme o livro Jaboatão dos meus avós, de Van-Hoeven Ferreira Veloso, possivelmente baseado em Frei Jaboatão, estes índios eram do grupo tapuia. Vejamos com as palavras do próprio autor:

"Há notícia de que, em 1707, havia em Jaboatão uma tribo de índios, naturalmente do ramo dos tapuios. Nas margens do Rio Gurjaú, que nasce em Jaboatão e deságua no Rio Pirapama, habitava uma tribo que tinha o nome de ARAPOÁ-AÇÚ (ARAPOÁ ou IRAPOÁ é o nome de uma abelha muito comum; corruptela de IRA APUÁ, que significa mel redondo, ninho de abelhas.)."

É importante destacar que nessa época, 1707, as terras do atual município de Moreno pertenciam a Jaboatão. Não se sabe o que aconteceu com esta aldeia de índios nem se encontrou mais informações sobre ela. Mas é espetacular pensar que os índios conseguiram sobreviver por este território por muito tempo(cerca de dois séculos), apesar dos abusos da colonização. É possível que com o tempo tenham misturado-se com o restante da população e aos poucos foram perdendo sua identidade, mas tudo isso não passa de uma hipótese que, infelizmente, não temos como comprovar.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Um pé na pedra

Por James Davidson


Fato curioso existente em Gurjáu de Baixo, engenho pertencente ao município de Moreno. O fato é descrito no Livro Novo Orbe Seráfico Brasílico de autoria de Frei Jaboatão, de 1761, que diz o seguinte:

"No lugar que chamamos Gurjaú-de-Baixo pelo rio que o rega e é fazenda de engenho de fazer açúcar, distrito da freguesia de Santo Amaro de Jaboatão, sete léguas distante do Recife de Pernambuco para o sertão, em umas espaçosas lages de pedra à sua margem e sobre as quais corre por largo espaço e é passagem comum dos moradores, quando de verão leva menos corrente, está gravada uma estampa de pé humano, e é o esquerdo, e tão admiravelmente impresso que à maneira de sinete em líquida cera, entrando com violência pela pedra, fez avultar para fora das fímbrias da pegada, arregoar a pedra e dividir os dedos... e era fama do vulgo ser aquela pegada de S. Tomé, ou de um menino que andava em sua companhia e seria talvez o seu anjo da guarda. Escrevemos o que vimos e ouvimos."

Estando em visita ao Engenho Gurjaú de Baixo, no começo do ano, encontramos acidentalmente o que talvez seja a pegada referida, ainda no século XVIII, por Frei Jaboatão. Situada nas rochas da corredeira do Rio Gurjaú, na sede do Engenho Gurjaú de Baixo, no local que ainda é utilizado pelos moradores para atravessar o rio, encontramos essa pegada numa rocha. Não está tão nítida como a descrita por Jaboatão e talvez não seja se quer a mesma, mas é impressionante como algo que foi descrito no século XVIII perdura ainda hoje e como pequenas coisas influenciam o credo popular.

A pegada de Gurjaú é mais uma curiosidade das terras de Moreno!