Moreno é um município que conta com um grande potencial turístico ainda muito pouco aproveitado. São muitos os atrativos espalhados por todo o município e que são, de uma forma geral, bem pouco conhecidos. Entre estes, as cachoeiras são destaque por sua imensa beleza, pela pureza de suas águas e pelo isolamento e distância que as mantém ainda muito bem preservadas.
Duas são as principais cachoeiras do município de Moreno. Existem outras menores, mas estas duas merecem ser conhecidas: a Cachoeira do Engenho Brejo e a Cachoeira do Engenho Seva.
A cachoeira do Engenho Brejo fica localizada próxima à antiga sede do referido engenho. Situada numa área de difícil acesso, com ladeiras sinuosas e curvas íngremes, está cercada por uma parcela de Mata Atlântica relativamente bem preservada. O Rio Gurjaú, cuja nascente verdadeira fica no Engenho Buscaú próximo às Torres, forma a imensa queda d'água que parece possuir quase uns dez metros de altura. Esta cachoeira é citada por Sebastião Honorato, autor do século XIX, que dizia que o Rio Gurjaú "precipitava-se sobre umas cascatas". É realmente muito bonita, mas a área não está mais recebendo visitas, infelizmente.
A outra cachoeira de destaque é a existente no Engenho Seva, próximo ao Povoado de Massaranduba. Seva é um dos últimos engenhos do município de Moreno e o único que conserva sua histórica Roda D'água. A cachoeira é acessada por uma bela trilha dentro da Mata Atlântica que dá um charme a mais no atrativo. Formada pelas águas do Riacho Laranjeiras, um dos afluentes do Rio Jaboatão, a cachoeira apresenta-se bem aconchegante no meio da mata. Apesar de menor que a cachoeira do Engenho Brejo, parece ser mais acolhedora e segura. O Engenho Seva chegou a tentar por em prática um projeto de visitação turística, mas que não foi posto para frente. É uma pena porque o local tem realmente um potencial enorme!
Parte de Moreno será inundada para evitar cheias futuras
Estrutura será construída no Rio Jaboatão e vai inundar entorno da
casa-grande do Engenho Pintos. Compesa promete fim da falta d'água na
área sul da RMR
Às
margens do Rio Jaboatão, em Moreno, a área no entorno da casa-grande do
Engenho Pintos, distante 16 quilômetros do Centro, será inundada com a
construção de uma barragem. O objetivo da estrutura é acabar
definitivamente com as cheias que costumam afetar o município e parte de
cidades vizinhas como Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife, e Vitória
de Santo Antão, Zona da Mata.
O
empreendimento terá como responsável a Compesa, que também promete
acabar com problemas de falta d'á-gua na região. Apesar de o projeto
prever apenas a inundação do Engenho Pintos, a nova barragem ganhará o
nome do Engenho Pereira, que fica ao lado do espaço destinado ao
reservatório.
Além
de destruir o que restou da estrutura do engenho secular, o
empreendimento atingirá terras de um assentamento rural que abriga 400
famílias. São pessoas que conquistaram o direito de viver por lá, há 15
anos, e outras que receberam moradias por herança. Para quem depende da
terra para tirar o sustento, a notícia da construção da barragem chegou
de repente e assustou.
"É como uma bomba que vai cair
nas nossas cabeças. A gente escuta falar nessa obra há muito tempo, mas
todo mundo acreditava que era boato. Víamos os pesquisadores entrarem
nas terras, mas ninguém nunca chegou para explicar o que ia acontecer no
engenho", afirma a agricultora Edna Maria da Silva, 44 anos, uma das
responsáveis pela Associação dos Parceleiros do Assentamento Herbert de
Souza.
O território do Engenho Pintos é dividido em 147
lotes, administrados por pequenos agricultores. Muitos começaram a
ocupar os terrenos com lonas. Atualmente, cada um tem seu espaço e todos
plantam nas áreas comuns. Nem todas as casas do assentamento vão ser
inundadas, mas quem vai ter que mudar de endereço teme o difícil
recomeço.
"Trabalhar a terra do zero, encontrar um lugar tão bom
para plantar, com um rio maravilhoso como o que temos aqui do lado de
casa vai ser muito difícil. Todo mundo aqui é apegado a essas terras,
ver acabar tudo é cruel", diz a agricultora Betânia Francisca da Silva,
37. A família de Cleide Josefa dos Santos, 46, foi criada no engenho e
não pensa em outro lugar para morar. "É o nosso paraíso. A gente planta
de tudo e é muito tranquilo", conta.
Caberá à Compesa recompensar
as famílias pela destruição de suas casas. "Cada morador vai ter o
direito de escolher se prefere ser indenizado ou reassentado. O valor da
indenização e os detalhes dessa negociação ainda serão acertados",
disse o diretor regional metropolitano da Compesa, Rômulo Aurélio de
Melo, durante audiência pública ocorrida na última quinta-feira no
Centro de Moreno.
Na ocasião, foi apresentado à
população o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) da barragem,
desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep). De
acordo com a coordenadora técnica da instituição, a geógrafa Edvânia
Torres Aguiar Gomes, uma das ações de redução de impacto ambiental que
deverá ser posta em prática pela Compesa é o replantio das espécies
encontradas na área a ser inundada.
Os animais
identificados no engenho deverão ser encaminhados para outros
territórios e os peixes tenderão a buscar outras áreas quando perceberem
a mudança no meio, que acontecerá gradualmente. O Rima da Barragem do
Engenho Pereira está disponível no site da Agência Estadual de Meio
Ambiente (CPRH). Ainda não há previsão de data para o início das obras.