sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Um pé na pedra

Por James Davidson


Fato curioso existente em Gurjáu de Baixo, engenho pertencente ao município de Moreno. O fato é descrito no Livro Novo Orbe Seráfico Brasílico de autoria de Frei Jaboatão, de 1761, que diz o seguinte:

"No lugar que chamamos Gurjaú-de-Baixo pelo rio que o rega e é fazenda de engenho de fazer açúcar, distrito da freguesia de Santo Amaro de Jaboatão, sete léguas distante do Recife de Pernambuco para o sertão, em umas espaçosas lages de pedra à sua margem e sobre as quais corre por largo espaço e é passagem comum dos moradores, quando de verão leva menos corrente, está gravada uma estampa de pé humano, e é o esquerdo, e tão admiravelmente impresso que à maneira de sinete em líquida cera, entrando com violência pela pedra, fez avultar para fora das fímbrias da pegada, arregoar a pedra e dividir os dedos... e era fama do vulgo ser aquela pegada de S. Tomé, ou de um menino que andava em sua companhia e seria talvez o seu anjo da guarda. Escrevemos o que vimos e ouvimos."

Estando em visita ao Engenho Gurjaú de Baixo, no começo do ano, encontramos acidentalmente o que talvez seja a pegada referida, ainda no século XVIII, por Frei Jaboatão. Situada nas rochas da corredeira do Rio Gurjaú, na sede do Engenho Gurjaú de Baixo, no local que ainda é utilizado pelos moradores para atravessar o rio, encontramos essa pegada numa rocha. Não está tão nítida como a descrita por Jaboatão e talvez não seja se quer a mesma, mas é impressionante como algo que foi descrito no século XVIII perdura ainda hoje e como pequenas coisas influenciam o credo popular.

A pegada de Gurjaú é mais uma curiosidade das terras de Moreno!

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