sábado, 6 de janeiro de 2024

História da Educação em Moreno

 


 

Primórdios    

Segundo Sevy Rocha e João Carneiro da Cunha, nos primórdios da Vila Nathan havia duas cadeiras públicas de ensino primário. Eram suas professoras Maria Brandão e Maria Camargo, ambas procedentes de Jaboatão, pelos idos de 1911. Segundo as informações registradas por Sevy Rocha, essas cadeiras funcionavam defronte à Estação Ferroviária, e estavam sob a responsabilidade do município do Jaboatão.

            A primeira escola de Moreno foi o Externato da Societè Cotonnière Belge-Bresilienne. Tinha o objetivo de atender aos filhos dos operários daquela indústria. Foi inaugurada em 08 de setembro de 1910, tendo à frente sua memorável dirigente a professora Laura da Silva Freitas, que permaneceria como diretora até o ano de 1951. A escola funcionava numa casa na Avenida Dr. Sofrônio Portela, sendo posteriormente transferida para a Cambonge.

            Em 1952 o Externato Da Sociète passa a ser dirigido pelas freiras da Ordem de São Vicente de Paula. Funciona como Externato até 1954, quando passa a ser então denominado de Colégio Sagrado Coração, mais conhecido como “Colégio das Freiras”. Sua sede já estava situada onde atualmente se encontra o Colégio Baltazar Moreno.

            A Escola Paroquial foi fundada pelo Padre Holandês Edmund Kleipool, em 20 de agosto de 1920. Funcionava na Igreja de Nossa Senhora da Conceição (depois São Sebastião), matriz da paróquia, antiga Capela do Engenho Catende. Teve como primeira professora D. Severina de Almeida Rocha, mais conhecida como D. Sevy Rocha. Em 1924 a Escola Paroquial passa a ter sede própria, funcionando na Praça da Bandeira, onde atualmente se encontra o Clube Socièté Cotonière. Em seu livro “Memórias de uma Mestra”, a professora Sevy Rocha deixa muitos relatos de sua experiência na Escola Paroquial, inclusive sobre a fundação do primeiro jornal escolar – O Colega – no ano de 1923. Além de Sevy Rocha, também teria papel importante nessa escola a professora Maria Heraclides Carneiro, décadas mais à frente.

            Além de sua contribuição como professora da Escola Paroquial, Sevy Rocha também teria atuação no magistério do Externato da Socièté e em cadeiras públicas isoladas de ensino. Também fundou algumas escolas particulares em sua residência, a saber: Externato Santa Inês (1926-1936), Escola Particular Ovídio Valois (1938-1947) e Instituto Vera Cruz (1957-1966).

            Quanto a Rede Municipal de ensino, esclarece Vera Lopes:

            Naquela época, o quadro escolar apresentava-se com três tipos de escolas destinadas ao Ensino Primário: Escolas Isoladas, Escolas Reunidas e Grupos Escolares.” (Lopes, 2005)

            As Escolas Isoladas, também chamadas de “cadeiras”, consistiam numa única turma administrada por um único professor, muitas vezes funcionando em sua casa. Quando duas ou mais cadeiras passavam a funcionar num mesmo local, surgiam as “Escolas Reunidas”. Já os “Grupos Escolares” funcionavam num espaço próprio para o ensino, com várias turmas e direção escolar.

 


Escolas Municipais Urbanas

            Até o ano de 1940, a rede municipal de ensino era composta por várias cadeiras isoladas de ensino, funcionando em casas particulares e alugadas. A primeira professora da rede municipal, segundo Sevy Rocha, foi a professora D. Anunciação Alves Bandeira, mais conhecida como Dona Mocinha. Tudo indica que a primeira “Escola Reunida” só veio, porém a funcionar a partir de 1941. Surgia assim naquele ano as “Escolas Reunidas Quintino Bocaiúva”, na Rua Quintino Bocaiúva, Vila Operária da fábrica. Um prédio local onde funcionava uma cadeira isolada foi reformado para abrigar a cadeira n° 5, dirigida pela professora Leonita Pio Lopes.

            Outra escola reunida a surgir no final da década de 1940 foi a Escola Richard Tartesall. Localizada na Avenida Cleto Campelo, onde atualmente se encontra um supermercado, foi fundada em fevereiro de 1948. Foi a primeira escola municipal a contar com seriação de ensino. Esta escola funcionou nesse referido local até o final da década de 1970, quando foi então transferida para o Alto Santo Antônio. Com a construção do novo prédio, iniciado sob o governo do prefeito Osias Mendonça e finalizado durante o governo de Paulo da Cunha e Souza, a escola passou a se chamar Escola Áurea da Cunha e Souza. A obra custou Cr $ 285.000, adquiridos junto ao MEC, e seu nome foi em homenagem a primeira Professora do Colégio Batista de Moreno, e também genitora do então prefeito, sendo inaugurada em setembro de 1977.

            Na gestão do prefeito Raul Alves de Melo seriam inauguradas mais três importantes escolas municipais: Otoniel Lopes, Jornalista Edson Régis e Argemiro Nepomuceno. O Grupo Escolar Otoniel de Aquino Lopes foi construído no antigo Bairro do Matadouro, atualmente bairro de Nossa Senhora de Fátima. Foi inaugurado no ano de 1965 e seu nome foi em homenagem ao farmacêutico e político Otoniel Lopes, que chegou a ser o primeiro inspetor do Ensino Municipal.

            No Povoado de Tapera o prefeito Raul Alves de Melo inaugurou, em 11 de fevereiro de 1968, o Grupo Escolar Jornalista Edson Régis, com um custo de NCr $ 26.000,00. Até então, Tapera só tinha apenas duas cadeiras de ensino escolar, mantidas pelo município. Temos registro que a primeira professora de Tapera, mantida pela prefeitura de Jaboatão, antes da emancipação política de Moreno, foi a D. Maria Alves Feitosa. Curiosamente, a mesma acumulava também o cargo de agente dos correios da localidade, em meados da década de 1920.

            O Grupo Escolar Jornalista Edson Régis foi então a primeira escola de maior porte em Tapera. Sua denominação foi em homenagem ao jornalista Edson Régis, morto no atentado político contra a ditadura militar, no ano de 1966, no Aeroporto Internacional dos Guararapes. Passou a oferecer o Ensino Médio a partir de 2000, sendo posteriormente ampliada, no ano de 2002, abrigando mais salas de aulas.

Atualmente é a mais importante escola municipal de Bonança. Essa escola já contou também com uma importante Banda de Música, vencedora de diversos concursos pelo estado e pelo município. Uma nova reforma realizada em 2022 e concluída em 2023, sendo reinaugurada em 20 de abril de 2023, pelo então prefeito Edmilson Cupertino e secretária de Educação Nalva Veras. A escola passou a contar com quadra de esportes e salas climatizadas.


            A terceira escola levanta por Raul Alves de Melo, foi a Escola Municipal Argemiro Nepomuceno. Foi construída no bairro das Pedreiras para atender as crianças daquela localidade e do vizinho bairro da Mangueira. Sua inauguração ocorreu em 26 de janeiro de 1969. Sua denominação veio em homenagem ao político e ex-prefeito do Moreno Argemiro Nepomuceno, que governou a cidade entre 1960 e 1962.

            Durante a gestão de Isnald de Holanda Vasconcelos (1969-1973), foi construída em Tapera mais uma escola municipal – O Grupo Escolar Olga Gueiros. Sua inauguração veio em homenagem à senhora Olga Gueiros Leite, esposa do então governador do estado Eraldo Gueiros, com a presença de ambos em 13 de setembro de 1972. Esta escola manteve essa denominação até o início da década de 1990, quando durante a gestão do prefeito Jorge Soares passou a ser o Centro de Reabilitação e Educação Especial de Bonança – CREEBO.

Ainda durante a gestão de Jorge Soares, no ano de 1995, o CREEBO passou a se denominar Wilson Bernardino de Arruda, em homenagem a um jovem jogador de futebol de Bonança falecido aos 22 anos de câncer e filho de um tradicional relojoeiro da localidade. Posteriormente o CREEBO encerrou as suas atividades passando o prédio novamente a funcionar como escola primária. A Escola Municipal Wilson Bernardino de Arruda funciona desde então oferecendo turmas do 1° ao 5° ano.

Também durante a gestão de Jorge Soares foi construída a Escola Municipal Gérson Carneiro. Sua nova denominação veio em virtude da homenagem ao padeiro Gérson Carneiro da Silva, tradicional padeiro e futebolista do Distrito de Bonança e da Cidade do Moreno, que faleceu em 11 de janeiro de 1994. A escola foi inaugurada no ano de 1995, oferecendo Ensino do 1° ao 5° Ano.

            No local onde funcionou o antigo Externato da Sociète Cotonièré, as freiras de São Vicente de Paula fundam o Colégio Sagrado Coração, inaugurado em 30 de janeiro de 1954. Sua primeira dirigente foi a Irmã Ester Rodrigues. Nesta escola funcionavam cursos de contabilidade e magistério, até o dia 30 de novembro de 1970, quando encerrou suas atividades. Passou então a funcionar como Educandário Santo Antônio, até ser adquirido pelo prefeito Osias Mendonça que iniciou a construção de um grupo escolar na localidade.

            A obra do grupo escolar da Avenida Sofrônio Portela, porém, arrastou-se por anos sem ser concluída. Na década de 1980, porém ganha novo impulso com a administração do prefeito Edvar Bernard. Iniciada em 1986, mas concluída em dezembro de 1987, veio a ser inaugurada em fevereiro de 1988 com a denominação de Colégio Municipal Baltazar Moreno, em homenagem ao proprietário do Engenho Morenos, cujo nome foi legado ao município. O Colégio Baltazar Moreno seria então a maior escola municipal do Moreno e a mais importante, oferecendo curso de nível primário até o Ensino Médio. O Colégio já foi referência a nível estadual pela sua qualidade de ensino e estrutura física, chegando a oferecer até cursos de nível técnico. Possui também a Quadra Municipal Zezo Bernardo, a única quadra municipal da Cidade do Moreno.

            Durante a primeira administração do Prefeito Vavá Rufino (1989-1992) foram construídas 4 escolas com modelo arquitetônico padrão, em áreas da cidade até então desprovidas de escolas. Todas receberam nomes em homenagem a professoras de destaque na história do Moreno. Surgiram assim as Escolas municipais Profª Alta de França, Profª Josefa Alves, Profª Noemi Guerra e Profª Sevy Rocha.

            A primeira dessas escolas a ser inauguradas foi a Escola Municipal Profª Sevy Rocha. Localizada no bairro do Alto da Maternidade, atende aos alunos do setor leste da cidade, oferecendo turmas de ensino fundamental I e II. Foi inaugurada em 18 de maio de 1990 e seu nome veio em justa homenagem à professora Sevy Rocha, uma das mais influentes educadoras da história da cidade. A professora Sevy Rocha veio para Moreno no ano de 1919 a convite do Padre Edmund Kleipool, com a finalidade de lecionar na antiga Escola Paroquial. Trabalhou em diversas unidades de ensino do município educando várias gerações de morenenses. Faleceu em 20 de agosto de 1986, aos 84 aos de idade.

            Anos mais tarde, veio a inauguração da Escola Municipal Profª Josefa Alves da Silva. Localizada no bairro de João Paulo II, foi construída com o objetivo de atender a uma das comunidades mais carentes do município. Josefa Alves da Silva foi uma professora morenense nascida no Engenho Cumarú. Lecionou por muitos anos, sendo também diretora da Escola Reunidas Richard Tarttesall. Faleceu em 25 de maio de 1977. A inauguração da escola ocorreu em dezembro de 1992.

Também na mesma época foram construídas as escolas Profª Noemi Guerra e Profª Auta de França Lins, situadas nos bairros de Liberdade e Nossa Senhora Conceição, respectivamente. A primeira teve seu nome em homenagem à Professora Noemi Guerra Ribeiro, morenense que por muitos anos dedicou sua vida ao magistério nesta cidade. Faleceu em 1990, sendo homenageada em dezembro de 1992 com a inauguração da escola que levou seu nome. Igualmente a Professora Auta de França Lins foi outro membro do magistério homenageado com o patronato de outra unidade escolar inaugurada na mesma época. Essas três escolas foram inauguradas em dezembro do ano de 1992, no final do mandato do prefeito Vavá Rufino.

            A Escola Municipal 05 de Julho fica localizada na Cidade Evangélica dos órfãos, em Bonança. Surgida inicialmente como uma única salinha, no ano de 1972, a escola era mantida pela administração do orfanato. Em 1973 foi ampliada, passando a ter 3 salas de aulas, cozinha, direção e sala dos professores. A partir de 1977 passou a contar com o apoio da Secretaria Municipal de Educação para o fornecimento de merenda. Atualmente é mantida pela Seduc, oferecendo ensino fundamental dos anos iniciais até o 5 ano.

A Escola Elza Pereira de Lima surgiu como Escola Municipal Assembleia de Deus, por estar situada num espaço compartilhado pela igreja na área posterior do templo matriz das Assembleias de Deus em Moreno. Surgiu inicialmente como escola primária, em parceria entre a igreja e a Prefeitura Municipal. No ano de 2002 passou a funcionar com o ensino Fundamental II.

No ano de 2013 o prédio foi interditado pelo ministério público devido a falhas em sua estrutura. A Escola passou então a funcionar no início da Rua 10 de Novembro, Praça da Independência, no prédio do antigo Espaço Fera. Seu nome foi então mudado para Escola Municipal Elza Pereira, em homenagem a uma das primeiras mulheres a ser eleita vereadora no município do Moreno. A Escola oferece Ensino Fundamental e EJA.

            A Escola Municipal Profª Maria Heraclides Carneiro Campelo foi construída durante a gestão do prefeito Edvard Bernardino (2005-2008), com recursos do Mec. Foi inaugurada no ano de 2008, atendendo ao público da Educação Infantil. Fica situada no bairro do ABC/Galinha D’água. Outra escola de Educação Infantil foi o CMEI – Centro de Educação Infantil – localizado no prédio da antiga escola particular João de Deus de Oliveira. Funcionou até o ano de 2014, quando teve suas atividades encerradas.

O município também teve outras escolas urbanas, atualmente encerradas – Escola Helion Veras Ramalho, construída originalmente no Alto Bela Vista, durante a gestão de Jorge Soares (1993-1996). Foi transferida posteriormente para o bairro da Galinha D’água e fechada definitivamente no ano de 2015; Escola João de Souza Veras, inaugurada em 1982, situada no bairro de Nossa Senhora das Graças (INABI). Esta escola funcionou oferecendo aulas para os primeiros anos do Ensino Fundamental, tendo suas atividades encerradas em 2017.

 


Escolas Municipais Rurais

            Na zona rural, em quase todas as sedes de antigos engenhos já chegou a existir ao menos uma cadeira isolada para atender ao alunato do campo. Ao todo, o município do Moreno já chegou a possuir 32 escolas situadas em comunidades rurais do município. Todavia, no início do século XX, as dificuldades eram grandes para o magistério no campo, devido às grandes distâncias a serem percorridas e dificuldades de locomoção.

Com o tempo foram instalando-se várias escolas rurais. No Engenho Pintos, segundo Vera Lopes, havia uma escola Típica Rural, administrada pelo governo estadual, onde os alunos estudavam práticas agrícolas nos canteiros. Os produtos cultivados tinham como destino a própria merenda da escola. Não se sabe até que ano funcionou a Escola Típica Rural de Pintos.

Em Buscaú, o prefeito Raul Alves de Melo instalou uma escola de corte e costura. Posteriormente, na gestão seguinte, a escola foi ampliada pelo prefeito Isnald de Holanda Vasconcelos, surgindo assim o Grupo Escolar Basileu Portela. Essa escola funcionou até o ano de 2014, quando foi fechada pela administração de Adilson Gomes. Na gestão de Paulo da Cunha e Souza, foi instalada uma escola profissionalizante na sede da Usina N.S Auxiliadora e uma primária no Engenho Bela Vista.

Para lecionar nas escolas rurais, muitas vezes as professoras precisavam fixar moradia nos engenhos ou permanecer de segunda a sexta nos mesmos, voltando para a cidade apenas nos finais de semana. Para isso, muitas vezes os proprietários dos engenhos cediam abrigo para os docentes. Contudo, com o advento das melhorias de condição de acesso, como a maior facilidade para andar de motocicletas, as escolas rurais se tornaram melhor acessíveis.

Com a desapropriação de vários engenhos pela FETAPE e pelo INCRA, foram instalados vários assentamentos rurais pelos trabalhadores e suas famílias. Com isso, foram também construídas escolas com maior capacidade para atender aos filhos dos agricultores e rurícolas. Surgiram assim as escolas municipais dos assentamentos rurais localizados nos engenhos Jardim, Gameleira, Canzanza, Pintos, Serraria, Timbó, Jaboatão, Jussara e Laranjeiras. Algumas dessas escolas possuem formato arquitetônico padrão do Incra – Gameleira, Canzanza, Serraria, Jaboatão (mais antigo); Jardim e Maria do Carmo Arcoverde (mais recente). Essas duas últimas constituem as duas maiores escolas rurais do município, sendo a escola do Engenho Jardim inaugurada em 22 de dezembro de 2004, com a denominação oficial de Escola Municipal Manoel Francisco dos Santos. Já a atual escola do Engenho Pintos foi inaugurada em 14 de dezembro de 2005, possuindo a denominação de Escola Municipal Maria do Carmo Arcoverde.

Com a diminuição da população do campo e o aumento do êxodo rural, ocorreu o fechamento de várias unidades escolares no campo. As antigas escolas dos engenhos Camarão, Fundão, Pereiras, Bela Vista, Fortaleza, São Braz, Morenos e Pacoval já estavam extintas em 2010. No ano de 2014 aconteceu o maior índice de fechamento de escolas rurais do município – 11 escolas foram fechadas de uma única vez pelo secretário de educação João Costa, gestão de Adilson Gomes, a saber: Gurjaú de Cima, Caraúna, Floresta, Javunda, N.S Auxiliadora, Várzea do Una, Basileu Portela (Buscaú), Furnas, Laranjeiras I. Laranjeiras II e Amor Perfeito. A Escola do antigo Engenho Brejo, denominada de Escola Maria Angelita de Souza Leão, chegou a ser fechada na mesma época, mas foi posteriormente aberta graças à pressão da população local.

No ano de 2016 a Escola Engenho Gameleira também encerrou suas atividades. Esta escola havia sido fundada no ano de 2000, pelo INCRA, atendendo alunos de cerca de 12 engenhos vizinhos, ofertando turmas do Ensino Fundamental I e II. Anteriormente, era uma escola seriada, sendo transformada posteriormente em escola de Fundamental II. Todavia encerrou suas atividades em 2018.

Atualmente funcionam as seguintes escolas rurais: Padre Edmund Kleipool, localizada no Povoado de Massaranduba; Engenho Jussara, na casa-grande do engenho de mesmo nome; Engenho Contra-açude; Engenho Cumarú; Escola Maria Angelita de Souza Leão, no Engenho Brejo; Escola Maria do Carmo Arcoverde, no Engenho Pintos; Escola Manoel Francisco dos Santos, no Engenho Jardim; Escola do Engenho Canzanza; Engenho Una; Engenho Timbó; Engenho Serraria BR.

Entre as Escolas Rurais destaque para a Escola Municipal Padre Edmund Kleipool. A primeira escola do povoado de Massaranduba foi construída em 1970 pelo Sr Antônio José de Sena e sua mulher Júlia José de Sena, tendo como professoras suas filhas Maria José de Sena Lira e Lindalva de Sena Lima. A escola funcionava em terreno particular, com uma única sala de aula, atendendo 60 alunos da 1° a 4° série.

Posteriormente, sem poder atender a demanda de alunos locais, a comunidade reivindicou junto a prefeitura a construção de um novo prédio. Assim, em terreno doado por Manuel Bezerra de Carvalho o prefeito João Olímpio de Mendonça construiu a nova escola do povoado de Massaranduba. Inaugurada em 1982, recebeu o nome de Padre Edmund Kleipool, em homenagem ao primeiro pároco da cidade do Moreno.

 


Secretaria de Educação

Quanto a gestão da Educação, no início da Vila de Morenos havia o cargo de Delegado de Ensino. Tinha esse a finalidade de avaliar de forma rigorosa o desempenho dos professores através de avaliações da aprendizagem dos alunos. O primeiro delegado de ensino, segundo Sevy Rocha (Rocha, 1983) foi o Sr. Ovídio Valois, escriturário da antiga fábrica de tecidos, durante a década de 1920. O segundo a ocupar o cargo de delegado foi o sr. Raulino Costa e, o terceiro, sr. Alfeu Rabelo.

Com a emancipação política do município, surgiu o cargo de Diretor de Instrução Pública Municipal, espécie de gerente da educação. Chegaram a exercer essa função a srª Leonita Pio Lopes (08/01/1935), João Carneiro da Cunha, José Bezerra de Melo, Hermes Gusmão de Sá e Waldemar Canto.

A secretaria de Educação somente veio a existir, com estrutura própria e melhor organizada, a partir da administração de Osias Gomes Mendonça (1974-1977). A primeira secretária municipal de educação foi a professora Célia Bastos. Para isso, a secretaria de educação foi instalada em um antigo casarão da Rua João Pessoa (atualmente rua Ormenzinda Vasconcelos, onde funciona a Previdência Social).

O atual prédio da Secretaria de Educação foi adquirido no início da gestão do prefeito Vavá Rufino, no ano de 1997, passando a funcionar num antigo casarão na rua 15 de Novembro, onde anteriormente funcionava o Banco Bandepe. Outros que chegaram a exercer a função foram o Padre Antônio Rufino de Melo, Paulo Maurício, Roderick Júnior, Jackson Pereira, Érick Tintino Barros, Alilton Gomes, Vladimir Malheiros, Francisco de Amorim Brito, Ana Selma da Silva. A atual secretária de educação do município é a professora Nalva Veras, que assumiu a seduc no ano de 2021.

Sinpremo – Sindicato dos professores do Moreno. A instituição teve origem a partir da Asemo – Associação dos servidores do Moreno, foi fundada em 06 de abril de 1992. Esta organização foi o embrião do atual sindicato organizando a primeira greve do funcionalismo público do Moreno no início dos anos 1990. Participaram dessa associação os professores João Pereira, Alílton Gomes, Terezinha Ferreira, Heraclides Montenegro, Roderick Júnior, Maria Silva Cabral (Mana), entre outros.

Posteriormente, a Asemo é transformada em Sinpremo – Sindicato dos Professores do Moreno, lutando pelos direitos dos professores e trabalhadores da Educação. Já estiveram à frente do sindicato as professoras Cátia Carneiro, Elisângela Costa e Josineide Oliveira, entre outros.

sexta-feira, 29 de setembro de 2023

História de Bonança - Antiga Tapera

 Por James Davidson


O distrito de Bonança está localizado no setor noroeste do município do Moreno, próximo aos limites com Vitória de Santo Antão e São Lourenço da Mata. Constitui o 2° maior aglomerado urbano do município do Moreno, atrás somente da sede. É atravessado pela BR 232 que atravessa o Centro da localidade de leste a oeste. Possui uma população estimada em mais de 10 mil habitantes.



A povoação se desenvolveu em terras do antigo Engenho Tapera. Daí ser a localidade conhecida anteriormente como “Tapera”. A palavra Tapera é de origem indígena e significa “lugar em ruínas, aldeia abandonada” (Galvão, 2006). Daí o interesse da população em mudar o nome do local para Bonança, ato oficializado pela Lei n° 248 de 1990, quando também passou a constituir distrito de Moreno.



A localização estratégica de Bonança foi com certeza o principal fator para seu crescimento. Situada a meio caminho entre Jaboatão e Vitória, no caminho que ligava o Recife à Vitória de Santo Antão, pela antiga Estrada da Vitória, Bonança ficava no cruzamento com o caminho que ligava o Vale do Jaboatão, ao sul, com o Vale do Tapacurá, ao norte. Essa área era desde o período colonial favorável a uma povoação.

Assim, em 1863 Manuel Honorato já se referia à localidade como “um lugar denominado Cruz das Almas, entre os engenhos Tapera e Queimadas...” (Honorato, 1976), expressão que é repetida em 1910 por Sebastião Galvão em seu Dicionário de Pernambuco. Todavia, a localidade só veio a se desenvolver a partir da construção da Estrada de Ferro Central de Pernambuco. Com a inauguração da Estação Tapera, em 10 de novembro de 1886, o acesso à capital e ao interior ficou facilitado, estimulando a chegada de maior número de pessoas na localidade. Surgia assim a povoação de Tapera, sendo pertencente ao município do Jaboatão, até o ano de 1928.



Em 1916, o povoado de Tapera constituía um dos povoados integrantes do município do Jaboatão. Em 1924 é citado no Almanak Laemmert como pertencente ao distrito de Morenos, da seguinte maneira:

Tapera – Pov., Sede de Districto policial, situado a 22 km a W. de Jaboatão, a 155 metros de altitude. Tem uma escola municipal. É servida pela estação de igual nome da Great Western of Brasil Railwail co., inaugurada em 10 de novembro de 1885. Dista 39 km do Recife.”

(Laemmert, 1924)

Com a emancipação do município do Moreno, em 1928, passou o povoado de Tapera a integrar o novo município. Como Buscaú, figurou como distrito de Morenos até o ano de 1938, quando perde esse status por força do decreto-lei n° 235 de 09 de dezembro de 1938. Desde a emancipação política de Moreno que Tapera sempre demonstrou força política, elegendo sempre ao menos um representante para a Câmara de Vereadores. O primeiro vereador da localidade foi Adolpho Carlos Cox, proprietário do Engenho Tapera, eleito para o mandato de 1928-1932 (Cunha, 1978).

Em 1977, Bonança possuía 442 edificações – 424 residenciais e 18 comerciais. A partir da década de 1970, mesmo com o fechamento da Estação Tapera, a localidade continuou a crescer. Assim, surgiram vários loteamentos a partir de sítios e granjas existentes no bairro – Várzea da Cruz, Maria do Carmo, Varginha, Constantino Maranhão, Engenho Tapera, José Feliciano Gomes, Bonança I, Bonança II. A localidade também recebeu, em 02 de fevereiro de 1972, a Cidade Evangélica dos Órfãos, fundada inicialmente pelo morenense Genaro de França Barreto.



O Distrito possui 4 escolas municipais – Jornalista Edson Regis, Gerson Carneiro, 05 de Julho e Wilson Bernardino. Duas escolas estaduais: Maria do Céu Bandeira e Olívia Carneiro. O Posto de Sáude Maria Cristina de Souza Leão e 1 Biblioteca Municipal – Severina Julieta de Holanda Vasconcelos. Já o cemitério Público Municipal de Bonança fica localizado a 2 km ao norte, junto à estrada que conduz à Represa de Tapacurá. Foi inaugurado pelo prefeito Ney Maranhão, para substituir o antigo Cemitério do Engenho Queimadas, utilizado pelos moradores de Tapera até então.

A Feira de Bonança ganha destaque como uma das mais movimentadas e importantes da região. Para ela se dirigem os moradores e comerciantes de Moreno, Vitória de Santo Antão e partes de São Lourenço da Mata. Nelas são comercializados vários produtos agropecuários produzidos pelos agricultores do entorno, tais como carnes, frutas, verduras, tubérculos, ervas, ovos, aves, animais, etc. Além desses produtos são também comercializados produtos diversos como vestimentas, miudezas, artesanatos, alimentos, etc.



A sede do distrito possui várias granjas, sítios e fazendas distribuídos ao seu redor, onde são criados animais para corte e monta, como também cultivados produtos agrícolas diversos. Destaque para os engenhos onde se encontram assentamentos agrícolas do INCRA e Fetape, onde são produzidas culturas agrícolas as mais variadas – engenhos Camarão, Bela Vista, Pintos, Jaboatão, Jussara e Laranjeiras. A influência de Bonança é grande na área rural, estendendo-se por todo o setor oeste do município do Moreno, leste de Vitória de Santo Antão e indo até a margem sul da Represa de Tapacurá, município de São Lourenço da Mata.

Com a duplicação da BR 232, em 2002, Bonança sofreu grandes alterações urbanísticas por parte do Governo do Estado. A principal delas foi a construção do viaduto da BR 232, que ocasionou a demolição de uma antiga praça e de várias edificações que ficavam à margem da estrada. Por força da Lei n° 13.871 de 10 de setembro de 2009, o viaduto foi denominado de Professor Almir Olímpio Alves.



Nos últimos anos, a localidade vem sofrendo um processo de crescimento desordenado através de invasões – principalmente no Loteamento Bonanças e em Cidade de Deus. No primeiro caso, por exemplo, a área de proteção ambiental do Loteamento, situada na Serra do Camarão, foi invadida e desmatada. Outro processo verificado recentemente na localidade é a verticalização, pois o distrito de Bonança já começa a apresentar Prédios maiores de vários andares.



Em 2014, Bonança teve a inauguração de sua Igreja Matriz – dedicada a Santa Terezinha, construída em substituição à antiga. Em 2015 houve a inauguração da Academia das Cidades pelo governo estadual. O Distrito sofre ainda com a falta de segurança e de áreas de lazer, bem como de outros equipamentos sociais e educacionais. Uma UPA – Unidade de Pronto Atendimento – seria bem conveniente no local, dada a sua localização estratégica.

Bonança é hoje uma importante localidade, ponto de passagem pra quem demanda o interior vindo da capital. Dada a sua importância, foi elevado a o status de Distrito do município do Moreno, pela lei n°248 de 13 de dezembro de 1990. Possui desde então um centro administrativo municipal da prefeitura, responsável pelas questões locais de Bonança. Existe também no distrito um movimento que busca a emancipação política da localidade, para que Bonança seja transformado em município separado de Moreno. A ideia tem o apoio de algumas lideranças locais que buscam através disto sua projeção política.

Não se pode falar de Bonança sem citar alguns nomes importantes: a poetiza Maria do Céu Bandeira, a professora Maria do Carmo Arcoverde, o deputado Ney Maranhão, padeiro Gérson Carneiro e Genaro de França Barreto, fundador da Cidade Evangélica dos órfãos.




quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

História dos Bairros de Moreno-PE

 Por James Davidson



A cidade do Moreno completará no ano de 2028 100 anos de emancipação política. Surgida inicialmente como um pequena arraial, nas terras do antigo Engenho Catende, a Cidade do Moreno cresceu a partir da sede da Fábrica de Tecidos da Societé Cotonniére Belge-Bresilienne - SCBB - inaugurada no ano de 1910. Como demandasse bastante mão de obra, a empresa construiu várias vilas operárias e moradias para seus empregados e funcionários, fazendo surgir ao seu redor a então chamada Vila Nathan (cujo nome fora dado em homenagem a um de seus acionistas), posteriormente denominada de Vila de Morenos. A cidade do Moreno, portanto surgiu de forma planejada pelos arquitetos e engenheiros da Société Cotonniére que projetaram as primeiras ruas e os primeiros bairros da zona urbana. Posteriormente, surgiram loteamentos e outras formas de ocupação territorial, dando origem a vários bairros e comunidades existentes até hoje. Uma análise da evolução urbana de Moreno permite constatar portanto três fases distintas de ocupação:

 Fase 1 - Cidade Planejada (1910-1940) - Constitui o núcleo original da Cidade do Moreno, formada pelos bairros planejados originalmente pela SCBB. Abrange os bairros do Centro, Cambonge, ABC, Pedreiras, parte da Mangueira, parte do Parque dos Eucaliptos e o bairro de Fernandes Vieira. 

Fase 2 - Loteamentos Urbanos (1950-1990) - Constituem os bairros que surgiram a partir de loteamentos urbanos, seja por iniciativa da prefeitura, seja pelo próprio Cotonifício Moreno. Nesse caso, algumas áreas antes ocupadas por plantações de eucaliptos foram separadas e destinadas a loteamentos. Ex: Alto Santo Antônio, Liberdade, Alto da Maternidade, Bela Vista, Nossa Senhora da Conceição, etc

Fase 3 - Expansão urbana (1990- ) - Nessa fase, passou a ocorrer o adensamento urbana, ou seja, o preenchimento dos lotes e espaços vazios nos bairros já existentes, e o início do fenômeno da verticalização, com o advento de edifícios residenciais de vários andares. Outro fenômeno foram as ocupações de terrenos ociosos pertencentes ao Cotonifício Moreno, dando origem a comunidades populares tais como Galinha D'água, Alto das Estrelas, Alto da Catita, Córrego do Penoso, etc. Também surgiram nesse período alguns bairros planejados como a Vila Holandesa e a Vila Miguel Arraes.

Vejamos agora um pouco da história dos bairros do Moreno:

Centro – Abrange o núcleo inicial do Engenho Catende, compreendendo toda a região comercial da Avenida Dr. Sofrônio Portela e ruas vizinhas. Antes da instalação da fábrica de tecidos, havia apenas poucas casas na área, remanescentes do engenho colonial, como afirma João Carneiro da Cunha (Cunha, 1977). Em 1907, com a implantação da indústria, o cenário rural mudou completamente, expandindo-se na direção leste (Nove Mil réis), oeste (Rua do Comércio, Cambonge) e norte (Pedreiras e Mangueira). 

É no centro onde se encontram a principal zona comercial do Moreno, a Igreja Matriz de N. s da Conceição, a sede da antiga SCBB (Cotonifício Moreno), a Praça da Bandeira, Câmara de Vereadores, Mercado Público Municipal e a antiga Estação Ferroviária.



Cambonge – Este bairro remete também aos antigos tempos da fábrica de tecidos da SCBB, tendo suas primeiras casas sido construídas por essa indústria. Fica localizado a oeste do Centro, no entorno do final da Avenida Dr. Sofrônio Portela, partindo da esquina do Colégio Baltazar Moreno até o final da zona urbana. Todo esse trecho, segundo Sevy Rocha, era chamado no passado de “Estrada da Rodagem” (Rocha, 1974). O nome Cambonge é de origem incerta. Provavelmente vem do francês “Cambodge” que significa “Camboja”, devido à influência belga em Moreno. Todavia, a relação desse termo com a localidade nos é desconhecida.

Na Cambonge encontra-se a Praça Agamenom Magalhães, inaugurada em 07 de setembro de 1953, defronte ao Colégio Baltazar. Ali também está a Praça da Paixão, inaugurada em 2008, onde é realizada a Paixão de Cristo de Moreno. Também se encontra no bairro o Clube Palmeiras. Funcionou por muito tempo no bairro o antigo INPS, em um antigo prédio, atualmente destruído, que ficava localizado defronte ao restaurante “A Palhoça”. Muitas casas do bairro ainda conservam seu estilo arquitetônico original, caracterizado por cumeeira longitudinal, em teto com duas águas, inspiradas na arquitetura belga. No trecho em frente ao Clube Palmeiras essas residências formam um aspecto bem peculiar.


Parque dos Eucaliptos – É outro bairro cuja origem é contemporânea aos primórdios de Moreno. Surgiu a partir da expansão do centro na direção noroeste, inicialmente pelas ruas 10 de novembro, Santos Dumont, 21 de abril e vizinhas. 

Através de fotografias antigas, é possível perceber que, até a década de 1950, havia poucas casas dispersas no bairro, exceto a rua 10 de novembro, onde estava a Vila Operária. Parte desse bairro, na área localizada junto à BR 232, chegou a ser conhecido como “Mucuim”, nome que com o tempo foi caindo em desuso. A origem do nome “Parque dos Eucaliptos” é em virtude da presença dessa árvore australiana, notadamente no Alto do Pavão, um dos morros da localidade que ainda preserva remanescentes das antigas plantações de eucaliptos. O bairro cresceu muito nas últimas décadas, principalmente por conta da proximidade com a BR 232.



Pedreiras – Um dos bairros mais antigos da cidade do Moreno, que fica localizado ao norte do Centro, acima da sede do Cotonifício Moreno. Sua denominação faz referência à uma antiga pedreira existente no local, datada da época do Engenho Catende, e utilizada para a construção da ferrovia. Teve origem a partir da expansão da Vila Operária da SCBB, pelas ruas Vidal de Negreiros, Quintino Bocaiúva, da Cachoeira e outras vizinhas. 

A partir de fotografias das décadas de 1910 e 1920, já é possível perceber o povoamento da região, com casas construídas pela fábrica. Destaque para a presença do Cemitério das Verdes Colinas, inaugurado em 22 de outubro de 1922, a escola Argemiro Nepomuceno (1967) e do Parque Municipal 30 de junho. Segundo Sevy Rocha (1974), a Praça das Pedreiras foi inaugurada em novembro de 1960, durante a gestão de Argemiro Nepomuceno.

A partir da década de 1990 ocorreu a expansão norte do bairro, para a região denominada de “Córrego do Penoso”. Todavia, a área tem sofrido questões judiciais em virtude da posse do terreno da propriedade. No bairro das Pedreiras ainda se encontram casas antigas, com teto em 4 águas, na Rua das Pedreiras e da União, e casas com tetos em duas águas na rua Vidal de Negreiros. Todas construídas nas primeiras décadas do século XX.



Mangueira–Assim como o bairro das Pedreiras, este bairro é contemporâneo ao início da cidade, tendo sido parte construída pela fábrica da SCBB. Deve datar, portanto, das décadas de 1920 e 1930. Possuía originalmente poucas casas, mas com o tempo foi se desenvolvendo a partir da aquisição de novos terrenos junto à SCBB. Ainda se conservam algumas residências dessa época no bairro, com teto em 4 águas numas ruas, e com tetos em duas águas em outras. Segundo Sevy Rocha (1974), já existiu nesse bairro uma “Sociedade Beneficente das Crianças” que realizava espetáculos artísticos, no ano de 1933 (Rocha, 1974). Também existe o Clube Madureira, cuja sede ainda se mantém, localizada na rua 14 de julho.



Bela Vista – Dos bairros localizados próximos ao Centro, este é o mais recente. As terras do atual bairro da Bela Vista pertenciam originalmente ao Sítio Camundá, integrante do Engenho Catende. Este sítio veio a pertencer ao Coronel Zeca Costa, no início do século XX. Posteriormente é vendido à SCBB. Ali existiu, por muito tempo, plantações de eucaliptos, como é possível observar através de fotografias antigas da cidade. 

A partir do final da década de 1980, teve início o loteamento das terras da Bela Vista. Assim, já na década de 1990, surgiu o bairro, com casas requintadas e habitadas por pessoas de melhor renda. Também foi instalada, na década de 1990, a Escola Municipal Helion Veras Ramalho, atualmente transformada num posto de saúde. O nome Bela Vista deve ser referência à vista que se tem a partir do alto do morro da localidade. O bairro é atravessado pelo Riacho Cachoeira, em sua parte mais baixa, antes de desaguar no Rio Jaboatão.



Alto Santo Antônio – Este bairro teve origem no final da década de 1940 e início da década de 1950, a partir da ocupação de terras da SCBB, com intermediação da prefeitura. Marcou o avanço do crescimento da cidade na direção leste. Chamava-se inicialmente de Bairro “John Tattersall”, em homenagem a um dos gerentes da fábrica de tecidos. Em 1950 houve a inauguração da Capela de Santo Antônio, padroeiro que com o tempo foi estendendo o nome para todo o bairro. O prefeito Antônio de Lemos (1947-1951) foi um dos grandes incentivadores do povoamento dessa área.

Alto Santo Antônio pode ser considerado o primeiro a ser construído na cidade fora do projeto da Vila Nathan. Possui também a Escola municipal Áurea de Cunha e Souza, construída no final da década de 1970 em substituição à Escola Richard Tattersall, que funcionava mais em baixo, na avenida. A partir de 2006 o bairro cresceu a partir da construção da Vila Holandesa. No Alto Santo Antônio ainda se conservam algumas residências contemporâneas à época de sua fundação, notadamente nas ruas Monte Castelo e Rua Paraguai.


Fernandes Vieira – É um pequeno bairro localizado entre o Alto da Maternidade e a Bela Vista, em área plana. Abrange as ruas Artur Mendonça, Djalma Vasconcelos e Fernandes Vieira, bem como outras ao redor. O nome vem da Rua Fernandes Vieira que acabou estendendo o nome ao bairro. Nesse bairro está a Escola Estadual Artur Mendonça, o Sesi, o Sindicato Rural e o antigo IAA – Instituto do Açúcar e do Álcool (atual secretaria de saúde). Sua origem é antiga e deve remeter à expansão da zona urbana da cidade, na década de 1930, realizada pela fábrica de tecidos.


Alto da Maternidade – Este bairro está localizado logo no início da Cidade, pelo lado esquerdo da Avenida Cleto Campelo. Era denominado originalmente de bairro Cleto Campelo, mas a maioria denomina de Alto da Maternidade, em virtude da presença da Maternidade Estadual Armindo Moura. A maternidade foi inaugurada em 1960, abrindo espaço para o início do povoamento da área.

Anteriormente, no Alto da Maternidade, havia uma floresta de eucaliptos da antiga SCBB, cujo aroma era transportado pelo vento leste para toda a cidade do Moreno. Na década de 1960, porém, o local foi dividido em lotes e distribuídos para moradores, dando origem ao atual bairro. Nele veio a ser construída também a Capela de São Cristóvão e a Escola Sevy Rocha, ambos inaugurados no início da década de 1990.


Vila Miguel Arraes – O mais recente bairro da Cidade do Moreno. Suas casas foram construídas pelo governo estadual, em terreno obtido à prefeitura Municipal de Moreno, que no passado pertencia ao Engenho Bom Dia. As casas contaram com recursos do Governo Federal. Sua inauguração ocorreu em 29 de maio de 2013, com a participação de várias autoridades, como o Governador Eduardo Campos e o prefeito Adilson Gomes. Ficou mais conhecido pelo nome de “Capadócia”, em virtude da influência de uma novela de Tv.


Vila Holandesa – Popularmente conhecido como “Quilombo”, este bairro teve origem da seguinte maneira: Em 2005 ocorreu uma terrível cheia do Rio Jaboatão que deixou centenas de pessoas desabrigadas. Sensibilizado com a situação, o bicampeão Rivaldo, jogador pernambucano de futebol, doou recursos para a construção de casas para os desabrigados, em lugares fora do risco de enchentes.

Com o atraso da entrega das casas pela municipalidade, porém, em 2006 houve a invasão de parte das casas por moradores locais, muitos deles não cadastrados. Posteriormente, as casas foram entregues, mas a população local continuou sofrendo pela dificuldade de acesso, pela ausência de transporte e distância em relação ao centro de Moreno. O nome Vila Holandesa é em virtude de o governo holandês ter financiado a construção de 120 casas do conjunto, as primeiras a serem entregues à população. 


Tamboatá- Este é provavelmente o bairro mais antigos da outra margem do Rio Jaboatão. Desde pelo menos 1915 já existia a denominação de Tamboatá, segundo matéria do Diário de Pernambuco datada de 22 de março de 1915. As primeiras casas dali existiam desde a época do Engenho Catende, por ser o caminho de passagem rumo aos engenhos Bom Dia, Jardim e Carnijó. Outras foram construídas pela fábrica de tecidos, na época do início da Vila Nathan, conforme atesta a tipologia de algumas residências ainda existentes no local. Até a década de 1940, ainda consistia de poucas casas, mas o bairro ganhou incremento com o povoamento do vizinho bairro do “Matadouro”, a partir de 1950, e do João Paulo II, na década de 1980.

Em 1966, o bairro do Tamboatá assistiu a inauguração da Incelpa, com a presença do então Governador Paulo Pessoa Guerra. A Praça do Tamboatá recebeu o nome de “Praça Coronel Francisco Antônio, em 17 de dezembro de 1928 (Rocha, 1974). Este bairro teve no passado o Clube São Cristóvão, agremiação de destaque do futebol morenense no início do século XX. O nome Tamboatá faz referência a uma espécie de árvore nativa da Mata Atlântica.


N.S de Fátima – Este bairro está localizado na margem direita do Rio Jaboatão, entre os bairros do Tamboatá e de N.s da Conceição. Também é conhecido como “Matadouro”, porque ali existia o antigo matadouro municipal de gado de corte, inaugurado pelo prefeito Antônio Pereira do Nascimento, em 1947. O bairro, porém, somente surge na década de 1960, com o loteamento da área.

No dia 6 de novembro de 1953, a prefeitura, sob a gestão de Ney Maranhão, desapropriou 60 hectares da SCBB, pelo valor de Cr$ 1.089.152,00 no entorno do matadouro, com a finalidade de habitação popular. Em 1961 foi realizado o planejamento das ruas do bairro, cujo nome passou a ser N.S de Fátima, em virtude da Capela levantada anos depois. Nesse bairro se encontra o atual Hospital Beiró Uchoa, inaugurado na década de 1980, a Escola Municipal Otoniel Lopes e o tradicional Clube Vila Nova.


N.S da Conceição – Localiza-se este bairro no canto leste da cidade, na margem direita do Rio Jaboatão, nos limites com os engenhos Bom Dia e Carnijó. Sua ocupação veio através do loteamento da área, a partir do final da década de 1980, por iniciativa do Cotonifício. Seu nome é em homenagem à padroeira da Cidade do Moreno, N.s da Conceição. 

O bairro sofre com as cheias do Rio Jaboatão, que separa a localidade dos bairros vizinhos – Alto da Maternidade. Possui capela dedicada à N.S da Conceição, a Escola Municipal Alta de França, construída no início da década de 1990, e a comunidade do Córrego José da Bica. No local também se encontra o terminal rodoviário da Borborema.


Liberdade – O bairro da Liberdade está localizado em grande parte sobre uma colina, onde havia anteriormente, de acordo com antigas fotografias, plantações de eucaliptos da SCBB. Outra parte mais antiga fica na margem direita do Rio Jaboatão, onde há a Rua da Liberdade e a Ponte de Santa Maria, ponto inicial do povoamento da área. Em 1958 é inaugurada na localidade a Cadeia Pública municipal, também chamada popularmente de “Brasília”.

Durante a gestão de Ney Maranhão (1959-1963) é desapropriada uma grande área do Cotonifício e dividida em lotes para a habitação popular. Surgira assim o bairro da Liberdade, cujo nome vem da Rua da Liberdade, que já se chamava assim, desde o início do século XX. O povoamento dessa área vem a partir da década de 1960, intensificando-se na década de 1970. No local funciona a Escola Municipal Noemi Guerra, construída no início da década de 1990, e a Igreja Evangélica Congregacional de Moreno. No bairro também funcionou por alguns anos o Fórum do município e a escola particular João de Deus, posteriormente transformada num CEMEI pela municipalidade.


João Paulo II – O bairro de João Paulo II está localizado entre os bairros do Tamboatá, da Liberdade e da Cohab. Portanto, João Paulo II é um dos bairros da margem direita do Rio Jaboatão. As terras do atual bairro de João Paulo II constituíam originalmente florestas de eucaliptos da Sociètè Cotonnière e resquícios de Mata Atlântica.

Com a desapropriação das terras da Liberdade e da Cohab, esse território também viria a ser destinado pelo governo para a construção de moradias. Porém, inicialmente foram construídas apenas casas na Liberdade e na Cohab. Com isso, na década de 1980, a população ocupou o terreno, reivindicando o povoamento da área e construindo casas por conta própria. O nome do bairro vem do Papa João Paulo II, que visitou o Brasil pela primeira vez em julho de 1980.


Cohab – Vila Liberdade – O bairro da Cohab ou Vila Liberdade, como também é conhecido, foi construído em terras desapropriadas ao Cotonifício Moreno, no final da década de 1970. A área era antes coberta por matas e alagadiços, sendo cortada pelo Riacho Jacaré, afluente do Rio Jaboatão. A Mata da Onça também se estendia pelo local, sendo anteriormente comum ali a presença de várias espécies nativas da fauna e da flora.

No início da década de 1980 começaram a ser entregues no local as casas, financiadas pela Cohab-Pe. Daí a origem do nome do bairro, que surgiu como um projeto de habitação popular pelo estado. Posteriormente, nas vizinhanças, vieram a ocorrer ocupações em terras do Cotonifício Moreno, junto à Mata da Onça, no local conhecido como Alto das Estrelas.


Olaria/ Cercado Grande/ CSU – Esses bairros estão localizados no canto sudeste da Cidade do Moreno. Antigamente, pelo bairro da Olaria, havia um antigo caminho que conduzia aos engenhos Viagens, Mato Grosso e Floresta. No local também existiu uma olaria que pertencia a Umberto Nardelli, vindo daí a sua denominação. O bairro cresceu principalmente a partir da década de 1970, acompanhando o crescimento dos vizinhos bairros da Liberdade e do ABC.

No final da década de 1960, o prefeito Raul Alves de Melo inicia na região a construção de um ginásio industrial, que nunca foi concluído – Ginásio Industrial Constâncio Maranhão. O local acabou sendo então ocupado por famílias em busca de moradias. Também foi construído no local um Centro Social Urbano, no final dos anos 1970. Daí o nome de CSU para o bairro. Já o nome Cercado Grande vem do fato de ter havido ali uma grande cerca que marcava os limites das terras do Cotonifício com os engenhos vizinhos.


ABC – Este bairro tem origem muito antiga, dos primórdios da cidade do Moreno. Em 1 de abril de 1916, a fábrica de tecidos inaugura a Ponte de Santa Maria, permitindo a expansão da Vila Nathan pela outra margem do Rio Jaboatão. Por isso, esse bairro também é chamado de Santa Maria pelos mais antigos, em seu trecho inicial, na encruzilhada dos acessos para os bairros do ABC, Liberdade, Olaria e CSU.

Entretanto, foi a partir da década de 1930 que surge o ABC propriamente dito, com casas projetadas pela fábrica naquela área, como sugere a arquitetura de muitas residências antigas que existem no local. Fica localizado na outra margem do Rio Jaboatão, a partir da Ponte Santa Maria. Posteriormente, vem a denominação “Abc” ou Rua do Abc, por serem as casas identificadas por letras. No início dos anos 2000 surge a comunidade da Galinha D’água, no trecho final desse bairro, nome de um antigo campo existente no local.


INABI ou N.S das Graças – Situado afastado da cidade, junto à BR 232, constitui um aglomerado de poucas ruas, a nordeste da sede. Sua denominação vem do fato do loteamento ter sido construído pela imobiliária Inabi, na década de 1970. Já N.S das Graças refere-se à capela existente no local, construída décadas depois. Ali se encontra a Escola Municipal João de Souza Veras, em homenagem a um dos integrantes da família Veras, uma das mais importantes do bairro.

Outros bairros e comunidades: Xingu, Galinha D’água, Alto das Estrelas, José da Bica, Campo do Gancho, Terra Nostra, Fossão, etc.