quarta-feira, 28 de maio de 2014

O Engenho Catende

Por James Davidson


O Engenho Catende está localizado no Centro da Cidade do Moreno. Foi nas terras desse engenho que se desenvolveu a atual Cidade do Moreno, a partir da compra do engenho pela fábrica da Société Cotonnière Belge Bresilienne, na primeira década do século XX. Assim, apesar de se chamar "Moreno", foi nas terras do Engenho Catende que Moreno se desenvolveu, e não nas terras do Engenho Moreno.


Mas a história do Engenho Catende é muito mais antiga que da cidade. Já em fins do século XVI e início do século XVII, encontramos referências ao Engenho "Nossa Senhora Conceição", situado no Vale do Rio Jaboatão. Consultando-se os mapas de Vingboons e de Marcgraf, elaborados no período holandês, percebe-se claramente que esse Engenho N.S. Conceição ficava localizado a oeste do Engenho Bulhões (São João Batista), subindo o Rio Jaboatão, à sua margem esquerda. Esse Engenho Conceição não era outro senão o atual Engenho Catende.


Durante o Domínio Holandês, o engenho pertencia a Antônio Pereira Barbosa que, com a invasão dos flamengos, fugiu para a Bahia abandonando sua propriedade. Assim, o Engenho Conceição foi confiscado e vendido aos holandês Servaes Carpentier. O engenho moía a água. Depois da invasão holandesa, o Engenho Catende teve outros proprietários até que, em meados do século XVIII, estava em posse de Domingos Bezerra Cavalcanti.



Diz a tradição oral que Domingos Bezerra Cavalcanti era o típico cruel e autoritário senhor de engenho. Segundos as lendas correntes, o mesmo enterrava vivo nas paredes de suas casas os escravos que lhe provocavam a ira. Assim, há quem acredite que o Casarão de Catende guarde em suas paredes esqueletos de escravos emparedados.


Domingos Cavalcanti era dono de vastas extensões de terras. Era dono de todos os engenhos situado entre Jaboatão e Tapera, inclusive os Engenhos Bulhões e Morenos. Construiu a Capela do Engenho Catende, em 1745, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, posteriormente mudada para a invocação de São Sebastião. Esta ficava localizada no alto da colina, bem acima da casa-grande, voltada para a direção nordeste. Foi destruída em 1973 para a construção da Escola Cardeal Dom Jaime Câmara.

O Casarão do Engenho Catende recebeu a visita do Imperador D. Pedro II e da Imperatriz Teresa Cristina, na volta de sua visita a Vitória de Santo Antão. Os monarcas almoçaram e descasaram no engenho, no dia 20 de dezembro de 1859. Nesta época o engenho pertencia a Antonio Pereira da Silva. Posteriormente, este vende a propriedade, em 1875, ao Barão de Morenos.


O Engenho Catende é adquirido, em 1907, pela companhia belga Société Cotonnière Belge Bresilienne por 108 contos. Embora a empresa instale a fábrica em outra parte da propriedade, os edifícios do antigo engenho permaneceram no local. Até uma fábrica de café chegou a existir onde era a fábrica de açúcar do engenho. A Casa-grande era popularmente conhecida como "Sobrado Velho do Tamboatá". A senzala ficava localizada numa rua atrás do casarão.

Durante a primeira administração do prefeito Edvard Bernardo, o casarão de Catende passou por uma reforma, pois o mesmo se encontrava abandonado e em estado precário de conservação. Porém, a reforma descaracterizou partes do edifício, como o piso do pavimento superior, gerando muitas críticas por parte da população. Hoje o edifício abriga a Guarda Municipal do Moreno e também sedia várias atividades festivas e culturais.