domingo, 4 de dezembro de 2011

Engenho Pintos - um engenho que será submergido

Por James Davidson


O Engenho Pintos fica localizado no município de Moreno, pertencente ao Distrito de Bonança. Situado às margens do Rio Jaboatão, sua antiga sede ainda preserva alguns edifícios do antigo engenho como a casa-grande, arruado e ruínas de outros edifícios. Por conta da construção da Barragem do Rio Jaboatão no Engenho Pereiras, a sede do Engenho Pintos será inundada pelo lago da represa.


A história da localidade também é muito antiga. Até o período da dominação holandesa, a ocupação das terras do Vale do Rio Jaboatão tinha penetrado apenas até a altura do Engenho Morenos, o engenho mais ocidental da região até então. Com o fim do conflito contra os holandeses, novas sesmarias de terras passaram a ser doadas e a conquista e ocupação das terras mais interioranas da bacia do Rio Jaboatão seguiu em frente. O Engenho Pintos foi um dos primeiros engenhos a surgir com esse processo.



Fundado na segunda metade do século XVII, o Engenho Pintos pertencia a Gonçalo Carneiro da Costa. Em 1693 foi adquirido por João de Barros Rego. Em 1704 sua esposa, Dona Margarida Barreto instituiu um morgado que perdurou até 1843. Em 1858 pertencia a José Fernandes da Cruz.



Na primeira década deste século, o Engenho Pintos foi desapropriado pelo INCRA, que dividiu o terreno entre vários parceleiros e construiu uma nova escola na comunidade.A sede do engenho conta ainda com a casa-grande, com característica que remetem ao final do século XIX, de um só pavimento, com colunas e alpendre na fachada. Encontra-se abandonada desde a desapropriação e ainda possui resquícios de um altar doméstico que ficava em seu interior, já que o engenho não possuía capela. Existe ainda um arruado com edificações antigas, inclusive sobrado, que se encontra relativamente bem preservado.


Com a construção da Barragem no Rio Jaboatão, todo esse conjunto de edifícios históricos será submerso. Não defendemos aqui de forma alguma que a obra não seja feita, já que as necessidades de conter as enchentes e de abastecimento com certeza são importantes. Contudo, defendemos que um estudo arqueológico da região seja feito antes das obras iniciarem, ou mesmo que seja feito, se possível, um salvamento arqueológico do que vier a ser encontrado, à semelhança do que ocorreu com Xingó e Itaparica. Afinal de contas, a região nunca foi explorada nesse aspecto e toda obra grandiosa necessita desse prévio tipo de estudo.

Um comentário:

  1. Verdade! Um povo com gestores ignorantes destrói a sua própria història, que afinal, é do que nós somos feitos.

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