quinta-feira, 30 de junho de 2011

Rio Gurjaú

Por James Davidson


O Rio Gurjaú é o 2° rio mais importante do município do Moreno, atrás apenas do Rio Jaboatão. Afluente mais importante do Rio Pirapama, serve como limite entre os municípios de Moreno e do Cabo de Santo Agostinho. Destaca-se por percorrer vastas áreas de zona rural e de ser uma importante fonte de abastecimento da Região Metropolitana.


O Rio Gurjaú possui cerca de 30 km de curso, desde a sua nascente até a sua foz, no Rio Pirapama, perto da cidade do Cabo. Sua bacia hidrográfica possui 145,7km² dos quais mais da metade estão dentro de Moreno. Sua bacia inclui terra dos engenhos São Braz, Gurjaú-de-Baixo, Gurjaú-de-Cima, Canzanza, Caraúna, Gameleira, Mato-grosso, Floresta, Javunda, Brejo, Novo da Conceição, Cumarú e Buscaú.



Sobre as suas nascentes existe uma grande indefinição sobre sua verdadeira localização. Indefinição comum em vários casos no mundo, quando muitas vezes um afluente é confundido com o rio principal. Como exemplo, pode-se citar o caso dos rios Mississípi e Missouri, nos Estados Unidos e Araguaia e Tocantins, no Brasil. Nestes casos o afluente (Mississípi e Tocantins) foi tido como rio principal e o rio principal (aquele que possui curso maior e maior volume de água) foi tido como afluente (Missouri e Araguaia). O mesmo de certa forma ocorre com o Rio Gurjaú, pois quando os limites entre Moreno e Cabo foram estabelecidos, considerou-se o Rio Gurjaú como limite, desde a confluência com o Riacho Secupema até a sua nascente. Porém, neste caso foi tomado como curso inicial do Rio Gurjaú o chamado Riacho das Moças e não o rio de maior extensão que é o Riacho Queda D'água. Assim, foi considerada como nascente do Rio Gurjaú a nascente do Riacho das Moças, que fica entre Contra-açude, Cajabussu e Engenho Novo da Conceição. Segundo outros autores, o verdadeiro Rio Gurjaú não é o Riacho das Moças, mas sim o Riacho Queda D'água que possui maior extensão e volume de água. 



Se levarmos em consideração os critérios que o rio principal é sempre aquele que possui o maior percurso e o maior volume de água, então o Rio Gurjaú seria o Riacho Queda D'água e não o Riacho das Moças, pois o primeiro tem um percurso mais longo, um leito e volume de água maiores que o segundo. Assim, a verdadeira nascente do Rio Gurjaú fica em terras do Engenho Buscaú, no sopé do monte das torres de comunicação, entre os Engenhos Buscaú, Contra-açude e Paris.


O Rio Gurjaú passa pelos seguintes engenhos, a partir da nascente: Buscaú, Brejo, Cumaru, Gurjaú de Cima, Gurjaú de Baixo, Jacobina, São Braz, São João, Bom Jesus e Guerra. Seus principais afluentes são os seguintes: Riacho Doca, Riacho Cumaru, Riacho Javunda, Riacho das Moças, Riacho Bom Jardim, Riacho Caraúna, Arroio Canzanza, Arroio Secupema, Riacho Ubaldino e Riacho São Caetano. O Gurjaú e seus afluentes também formam algumas cachoeiras, como a de Gurjaú, próximo à represa, a do Engenho Brejo, etc.


O vale do Rio Gurjaú foi uma das primeiras áreas de colonização portuguesa em Pernambuco. Desde o século XVI, alguns engenhos já estavam instalados como o São Braz, Secupema, Guerra, São João, Gurjaú de Cima e Gurjaú de Baixo. Existe até lendas relacionadas ao rio. Uma delas, contada pelo Frei Jaboatão, dizia que uma marca de pé humano existente nas pedras do rio, em Gurjaú-de-baixo, foi feita por São Tomé, o apóstolo, ou por um menino que o acompanhava. A palavra Gurjaú é de origem indígena (tupi) e significa "rio viveiro dos sapos".


A represa de Gurjaú foi criada em 1918, com o intuito de contribuir com o abastecimento de água para a capital do estado. Conta com uma reserva ecológica para proteção das nascentes. Contudo, infelizmente, apesar de quase toda a sua bacia está protegida pela legislação da área de proteção de mananciais, não existe respeito com o meio ambiente. As usinas plantam cana em áreas proibidas, como nos cumes de morros e nas margens do rio, contribuindo para uma maior assoreamento fluvial. Além disso, muitas áreas de matas foram desmatadas para ampliar o cultivo canavieiro. É uma região onde simplesmente não existe fiscalização!